As oficinas ocorreram nas regiões norte (Belém/PA) e nordeste (Recife/PE) e reuniram lideranças dos diversos estados membros dessas regiões. No norte a oficina foi realizada em parceria com o FAOR(Fórum da Amazônia Oriental) e o Talher/RECID(Rede de Educação Cidadã) e no nordeste a parceria foi com a ASA( Articulação no Semi-Árido Brasileiro) e também com o Talher/RECID.
Em ambas as regiões houve participação de várias entidades representativas das comunidades de ribeirinhos, quilombolas, indígenas, agricultores familiares dentre outros.
O principal objetivo do projeto, além da geração de subsídios à formulação de políticas públicas de adaptação e mitigação às mudanças climáticas e ambientais, é a produção e divulgação de um vídeo que possa contribuir com o debate do tema em nível nacional, além de ser envido à COP 15- Conferência sobre Mudanças Climáticas, a ser realizada em dezembro de 2009 em Copenhagen, na Dinamarca.
Nos dois eventos apareceu com muita força o repúdio às grandes obras como as hidrelétricas do Rio Madeira, em Rondônia e dos rios Xingu e Tapajós, no Pará, a transposição do Rio São Francisco, atingindo diversos estados do Nordeste tais como Bahia, Sergipe, Alagoas, Paraíba, Pernambuco e as desapropriações de terras em função do Complexo Portuário de Suape em Pernambuco.
Foi ressaltada, ainda, a necessidade de se investir com maior vigor na agricultura familiar e em tecnologias sociais apropriadas à agroecologia e menos no agronegócio. Além da necessidade imediata de se realizar uma verdadeira reforma agrária, pois não adianta terras sem o investimento em tecnologia e financiamentos acessíveis ao/a agricultor/a familiar.
As queimadas e o assoreamento dos rios foram questões de muita relevância, acompanhadas de solicitação de revitalização das bacias dos rios, em especial, no Nordeste, do Rio São Francisco, que em vários pontos apresenta um volume reduzido de água, dificultando, até mesmo, a navegação.
O grande destaque dessas oficinas foi o grau de organização e de conscientização dos participantes com relação aos problemas e aos avanços de suas comunidades e a sintonia com os problemas ambientais e climáticos mundiais. É perceptível que são pessoas que se organizam e dialogam em suas comunidades alternativas para melhorar a qualidade de vida, até mesmo com relação às gerações futuras.
No Nordeste,em especial na Paraíba, há um trabalho de resgate cultural que inclui técnicas de plantio orgânicas e conhecimentos de medicina tradicional, como os fitoterápicos, que além de estarem cultivando as ervas, estão produzindo os medicamentos e difundindo o conhecimento entre as comunidades.
O resultado foi muito positivo e gerador de conteúdos para debate sobre mudanças climáticas e conhecimento sobre os diversos projetos que se desenvolvem em vários cantos desse Brasil e contribuem para a reflexão sobre o modelo de desenvolvimento que permita a perenidade do Planeta Terra.
Cleomar – Assessora do Inesc