Um ano após a fatídica aceitação da admissibilidade do Impeachment contra Dilma Rousseff, a Fundação Perseu Abramo lança o livro “Resistência e Contestação – Sociedade Brasileira e Comunidade Internacional contra o Golpe”. A obra, organizada por Sérgio Guedes Reis, José Celso Cardoso Jr., José Antonio Moroni, Elton Bandeira e Otávio Ventura, apresenta 200 manifestos, notas, petições e abaixo-assinados redigidos pelas mais distintas forças sociais brasileiras e estrangeiras, situadas no Brasil e no exterior, produzidos em oposição ao Impeachment da Presidenta Dilma e em defesa da democracia e do Estado de Direito. A pesquisa feita ao longo de 2016 encontrou mais de 550 manifestos com esse propósito – os quais, em sua integralidade, serão apresentados no sítio da Fundação.
São textos que possuem tamanhos distintos, referenciais teóricos próprios, valores e prioridades peculiares, pontos de vista próprios sobre diversas questões importantes sobre a realidade nacional. São, afinal de contas, documentos feitos por sujeitos das mais variadas origens: Há abaixo-assinados de evangélicos, católicos, muçulmanos e de praticantes do candomblé; de engenheiros, médicos e juízes; de sambistas, de praticantes do Hip Hop e de artistas em geral; de tricolores e da democracia corinthiana; de ambientalistas e de profissionais do setor rural; de mulheres, negros e de diversos movimentos lgbt; de professores e estudantes da PUC-RIO, do Mackenzie, e também do Tocantins, Amazonas e Paraíba, dentre tantos outros; de Auditores da Receita Federal, de Policiais, de Defensores Públicos e de Analistas de Políticas Sociais; do Alto Comissariado da ONU, da CEPAL, de intelectuais britânicos e de brasileiros residentes na França, na Alemanha, na Holanda. Enfim, um conjunto de documentos do tamanho e da complexidade deste país.
Trata-se de um registro poderoso e único sobre a força de nossa sociedade, apesar das leituras retrospectivas em contrário e da virulência com que nossa Constituição foi (e tem sido) atingida. É mosaico de resistências, categorizados conforme a origem de onde provêm.
Apesar de tamanha diversidade, apresentam, em uníssono, a defesa mais elevada da democracia e o repúdio mais incisivo ao arbítrio, ao particularismo e à injustiça. Ao fim e ao cabo, este é um memorial – útil para pesquisadores, mas também para ativistas – da resistência democrática vigente no Brasil de 2016, persistente agora, apesar das derrotas, dos percalços e dos atropelos conservadores contra direitos mais fundamentais dos cidadãos brasileiros. É um monumento para que nos recordemos continuamente de que não lutar nunca foi uma possibilidade: o desejo pela democracia é algo inabdicável para muitos e muitos brasileiros. Não nos esqueçamos disso.
Para ler e baixar os dois volumes completos da publicação da Fundação Perseu Abramo clique nos links abaixo.