“Estamos em luto, e o nosso luto é de luta”, avisaram mais de 100 crianças e adolescentes que participaram do 1º Ato em Defesa das Crianças e Adolescentes da Cidade Estrutural (DF) neste sábado (2/7), em protesto contra o assassinato de Maurício, menino de 11 anos, no último dia 19 de junho.
A concentração do ato foi feita em frente ao Centro Olímpico, espaço onde Maurício praticava esportes. Durante a concentração, as crianças e adolescentes do Coletivo da Cidade-OCA e do projeto Bombeiros Mirins participaram de oficinas e atividades, para em seguida saírem em marcha com cartazes e gritos de ordem.
“Vem! Vem! Vem pra essa luta, infância e adolescência prioridade absoluta!” exigiam os jovens. Eles querem o fim da violência na comunidade, querem direitos, respeito e, como diz a letra de um bom e velho funk, “andar tranquilamente na favela onde eu nasci, e poder me orgulhar e ter a consciência que pobre tem seu lugar”.
Veja fotos do 1º Ato em Defesa das Crianças e Adolescentes da Cidade Estrutural.
Ao Estado, que falha miseravelmente na garantia dos direitos das crianças e adolescentes da Estrutural (e de todo o pais), os jovens que saíram às ruas da comunidade no sábado também deram seu recado: “Estado, seu dever é me proteger!”
O trajeto da marcha realizada neste 1º Ato foi curto, mas o suficiente para emocionar quem presenciou sua passagem. Antes de chegar à comunidade Santa Luzia, o grupo fez uma parada em memória de Maurício – foi um minuto de silêncio carregado de intensidade. De braços erguidos e mãos fechadas ao som de tambores e baldes, a marcha entrou na Santa Luzia cantando em alto e bom som: “Vem! Vem! Vem para essa luta, Crianças e Adolescência prioridade absoluta!!!
Houve uma manifestação cultural na entrada da comunidade, com apresentações dos grupos Quadrilha Intelectual e Aborígene, 4° Elemento, Teatro do Coletivo da Cidade, CIA –Bisquetes, B.boy Fábio e minas do Coletivo da Cidade. E quem mais quisesse se manifestar – o microfone ficou aberto. Ao final do evento, a Companhia de Teatro As Bisquetes puxou uma cirada no meio de uma rua enlameada: “Se essa rua, se essa rua, fosse minha, eu mandava, eu mandava, ASFALTAR!”
O evento foi importante para fomentar uma campanha por um território educador, em que a infância e a adolescência sejam protegidas de fato.
O ato foi convocado pelo Coletivo da Cidade-OCA e pela Rede Social, com participação de diversas organizações, movimentos e coletivos da região, entre eles o Grito das Periferias, a Juventude do Levante Popular e Quadrilha Intelectual, e representantes de instituições como Cose, Creas, Cras, Administração Local, Conselho Tutelar e lideranças comunitárias do território, bem como a Companhia de Teatro As Bisquetes e o grupo de rock 4° Elemento, ambos composto por jovens da comunidade.