O governo Temer, a crise de hegemonia e a instabilidade política

25/05/2017, às 13:01 | Tempo estimado de leitura: 6 min
Artigo de Armando Boito Jr., colunista do Brasil de Fato.

Para entender a instabilidade do governo Temer e o atual momento político do país, Armando Boito Jr. propõe a análise de algumas ideias que se transformaram em obstáculos no caminho dessa compreensão. Em artigo publicado no site Brasil de Fato, Boito Jr. afirma que a ideia de uma ‘direita’ unificada é “genérica, vaga e imprecisa”, bem como a ideia de que a burguesia é uma “classe homogênea e com poder de controlar todo o processo político”.

O articulista do Brasil de Fato analisa ainda as ideias de que o Estado seria um instrumento passivo nas mãos dessa burguesia e que os conflitos de classe oporiam apenas dois polos – o ‘capital’ e o ‘trabalho’.

A grande força desestabilizadora do governo Temer é, segundo Boito Jr., “a ação do sistema de Justiça (composto pela Polícia Federal, Ministério Público Federal e o Judiciário) contra os integrantes do Executivo Federal e de sua base aliada no Congresso Nacional”.

É verdade que esse sistema usou e usa politicamente o combate à corrupção para combater o PT, que é o seu inimigo principal. Mas esse sistema quer, também e de fato, combater a corrupção, mesmo aquela praticada pelo PMDB e pelo PSDB. Definem o inimigo principal, escalonam prioridades, concentram-se sobre um ou outro alvo de acordo com o momento, enfim, fazem cálculos táticos, como toda e qualquer força que intervém no processo político.

Esse sistema de justiça teve muitos dos seus integrantes treinados pelo Departamento de Justiça dos EUA, recebeu informações privilegiadas dessa mesma instituição e foi estimulado a dar um combate sem tréguas à grande burguesia interna e ao PT. Mas, não fez isso como instrumento passivo nas mãos do imperialismo. Ele tem uma base social própria na alta classe média, base que se reconhece nele, sai às ruas quando é por ele interpelada, e, de sua parte, esse sistema tem consciência clara de que tal base social é o seu maior trunfo político.

Segundo Boito Jr., o governo Michel Temer não está conseguindo atender aos interesses internacionais e também aos interesses manifestos do conjunto da classe burguesa, como são os casos da reforma trabalhista e previdenciária. “Esse governo não está conseguindo, dizíamos, estabelecer hegemonia alguma, já que a hegemonia pressupõe um governo minimamente estável, coisa que esse governo, evidentemente, não é”, afirma em seu artigo, que pode ser lido aqui na íntegra.

Leia também:

“Não sei se Temer tem estatura política para renunciar. Seria o melhor para o Brasil”

Vamos falar sobre Reforma do Sistema Político?

Se interessou pelo tema? Inscreva-se para receber nosso boletim por email!

Categoria: Notícia
Compartilhe

Conteúdo relacionado

  • Foto: Marcos Vinicios de Souza / Inesc
    Taxação dos super-ricos, COP Tributação e ...
    Termina nesta terça-feira (19), no Rio de Janeiro,…
    leia mais
  • Cristiane Ribeiro, do colegiado de gestão do Inesc na COP 29, em Baku
    A tragédia é agora. Quais serão as respost...
    Estamos em 2024 e mais uma Conferência das…
    leia mais
  • Foto: Nicolas Machay / Inesc
    “Cúpula dos Povos Frente ao G20” reúne 700...
    A “Cúpula dos Povos Frente ao G20” reuniu…
    leia mais
  • Inesc na COP 29: transição energética ganh...
    Começou nesta semana em Baku, no Azerbaijão, a…
    leia mais
  • Entenda como funciona o G20 e o qual é o p...
    Na próxima semana, as 19 maiores economias do…
    leia mais

Cadastre-se e
fique por dentro
das novidades!