Há mais de 10 anos, o Onda: Adolescentes em Movimento pelos Direitos atua na formação em direitos humanos, cidadania e orçamento público com jovens de escolas públicas do Distrito Federal. Iniciativa do Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos), o projeto já atendeu 223 adolescentes do Itapoã, do Paranoá, e da Unidade de Internação de Santa Maria, todas regiões da periferia do DF.
O Onda é formado por oficinas semanais com temas gerais que, posteriormente, são trabalhados especificamente a partir das demandas de cada grupo. Atualmente, o foco das atividades tem sido o enfrentamento das violências, considerando como chave o enfrentamento dos problemas estruturais (racismo, sexismo, machismo e homofobia, entre outras) e do não acesso às políticas públicas. O projeto também prevê campanhas de conscientização da comunidade escolar com temas propostos pelo próprios adolescentes.
Além das atividades na escola, foram realizadas 17 ações de integração comunidade-escola e 58 atividades de incidências, sendo 18 delas acatadas pelos poderes públicos.
“O projeto Onda é importante por vários motivos, entre eles, porque contribui junto às crianças e adolescentes para sua concepção de que são sujeitos com direitos. A partir dessa concepção, eles passam a se envolver ativamente nos processos de cidadania e de deliberação e elaboração de políticas públicas. Os integrantes do projeto passam a se compreender como parte da sua escola e comunidade querendo, assim, transformá-las de forma a ser um espaço acolhedor e alegre”, comenta Thallita de Oliveira Silva, educadora do Inesc.
Números e prêmios
O reflexo do sucesso do projeto também aparece em porcentagens e em prêmios. Em 2017, o Onda Adolescente Protagonista venceu o Prêmio Itaú-Unicef na categoria “Parceria em Ação” – Seleção local e, no ano seguinte, foi o vencedor do Prêmio Itaú-Unicef na mesma categoria.
Além disso, após a realização de uma pesquisa com a metodologia de grupo focal, foi constatado que:
– 94,4% dos adolescentes afirmaram que o Onda ajudou a entender o que são Direitos Humanos;
– 88,7% dos adolescentes afirmaram que o Onda ajudou a entender sobre a importância de combater todas as formas de violência;
– 100% dos integrantes do grupo focal analisado responderam que o Onda contribui com a formação e o desenvolvimento dos(as) adolescentes em diferentes aspectos.
Webert da Cruz, educador do Inesc, observa de perto a transformação das crianças e adolescentes. De acordo com ele, as atividades do Onda abrem caminho para que os envolvidos e envolvidas no projeto desenvolvam o autoconhecimento e conhecimento do mundo a partir de outras perspectivas. “Eles passam a conhecer mais os próprios direitos e se conectam com outras referências, marcadas pela diversidade. Isso cria um espaço livre e seguro para que cada um e cada uma possa se expressar de maneira mais atenta. A gente percebe que, agora, os adolescentes têm mais consciência sobre suas trajetórias e sobre a história de suas famílias, comunidades e territórios”, diz Webert.
“O projeto Onda humaniza as relações e faz com que todos e todas meninos e meninas se sintam importantes, potentes para criar e transformar. As crianças e adolescentes vivenciam violências estruturais que impactam de sobremaneira sua autoestima e sua possibilidade de criação e de reflexão. O projeto contribui para que elas entendam a violência às quais sofrem e que pensem juntas formas de enfrentamento às mesmas”, completa Thallita.