O que é Política Monetária e o que ela tem a ver com os direitos humanos? Qual é o papel do Banco Central nas nossas vidas? Será que não existem soluções melhores para o controle da inflação do que o aumento de juros?
As respostas para essas e outras questões, sobre o impacto das medidas econômicas na vida dos brasileiros, estão nas páginas do “Guia Ilustrado de Inflação, Política Monetária e Direitos Humanos” – publicação lançada pelo Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos) nesta semana.
Trata-se de uma cartilha didática, voltada para o público leigo, escrita pela assessora política do órgão Livi Gerbase e pelo economista Pedro Rossi, professor do Instituto de Economia da Unicamp e pesquisador do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica (CECON). As ilustrações são do coletivo A Gazetinha.
O Guia foi apresentado nesta quarta-feira, dia 29/06, durante uma “LIVE” no Instagram, na qual os escritores e ilustradores do material debateram as principais variáveis da política monetária no Brasil e as soluções para o controle da inflação. Se você perdeu, pode conferir a gravação no perfil do Inesc.
“Esse guia não traz apenas conceitos sobre inflação e política monetária, de forma didática e acessível. A publicação vai além: queremos mostrar a relação desses temas com os direitos humanos”, afirma a porta-voz do Inesc. Para Livi Gerbase, é necessário estimular o interesse por um debate que hoje é dominado por especialistas.
“A política monetária é um assunto frequentemente blindado por um grupo técnico e suas decisões, definidas nas salas de um Banco Central autônomo e que pouco interage com a sociedade”, acrescenta ela.
O Guia está dividido em 3 partes. No capítulo 1, o texto apresenta os conceitos fundamentais de política monetária, inflação e crédito, sempre os conectando aos direitos humanos. O capítulo 2 descreve o que é e como opera a política monetária, assim como os canais pelos quais os direitos humanos são afetados. O capítulo 3 trata do Banco Central e da importância de uma política monetária transparente e democrática.
Na conclusão, são mostrados alguns caminhos para uma política monetária diferente, orientada por direitos humanos que, na visão do economista Pedro Rossi, deve obedecer à quatro diretrizes gerais. “É preciso evitar ajustes monetários recessivos e aumentos excessivos de juros; promover um sistema de crédito mais justo com acesso igualitário; utilizar múltiplos instrumentos para combater uma inflação de múltiplas causas, coordenar a política monetária com outras políticas e mirar principalmente na proteção dos preços que mais impactam os mais vulneráveis e as políticas públicas de garantia de direitos; e promover uma política monetária mais transparente e democrática”, resume.