O Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos) tem atuado na defesa dos direitos humanos e da justiça socioambiental a partir da centralidade das desigualdades de gênero e raça. Ao longo de 2025, o Instituto desenvolveu um projeto voltado à adaptação climática com enfrentamento às desigualdades de gênero e raciais no Brasil.
“Como parte dessa iniciativa, nós participamos das atividades da COP 30, levando mulheres de diferentes territórios amazônicos para o centro do debate sobre adaptação climática e justiça climática”, conta Sheilla Dourado, assessora política do Inesc. Segundo ela, o objetivo foi fortalecer vozes historicamente silenciadas e reconhecer os saberes construídos nos territórios como parte fundamental das soluções para a crise climática.
Durante os encontros, lideranças femininas destacaram que os impactos das mudanças do clima recaem de forma mais intensa sobre mulheres negras, ribeirinhas, povos originários e comunidades tradicionais. Ao mesmo tempo, são essas mulheres que acumulam conhecimentos, experiências e práticas capazes de apontar caminhos concretos para enfrentar a emergência climática.
“A crise climática não foi provocada por nós, mas somos nós que a vivemos e sofremos de forma mais pesada. Ainda assim, somos as soluções”, afirma Carmen Foro, da Comunidade Amazônica, ressaltando o caráter político e transformador do encontro entre mulheres de diferentes regiões da Amazônia.
Representantes de movimentos sociais compartilharam experiências de organização coletiva nos territórios. Integrantes do Movimento das Mulheres das Ilhas de Belém (MIB), por exemplo, relataram como rodas de conversa e articulações comunitárias têm sido fundamentais para pensar a adaptação climática na área insular de Belém, sempre a partir da construção coletiva e da realidade local.
Pesquisadoras, ativistas e lideranças comunitárias também chamaram atenção para a necessidade de traduzir o debate sobre adaptação climática para uma linguagem acessível, conectada às vivências cotidianas dos territórios. Segundo elas, a adaptação precisa ser “semeada” localmente, respeitando os saberes tradicionais, a ancestralidade e as tecnologias sociais desenvolvidas por mulheres, povos originários e comunidades afrodescendentes.
Entre os relatos, mulheres quebradeiras de coco babaçu denunciaram a devastação dos babaçuais e reforçaram a importância do reconhecimento econômico, social e ambiental dessa atividade, que garante sustento a inúmeras famílias e contribui para a preservação dos biomas.
Ao promover esses espaços de escuta, troca e articulação, o Inesc reafirma seu compromisso com uma agenda climática que enfrente as desigualdades estruturais e reconheça o protagonismo das mulheres dos territórios como agentes centrais na construção de soluções justas e sustentáveis para o Brasil e para o mundo.
Assista ao resumo das atividades:
