Apesar dos avanços e conquistas recentes da luta anti-racista, a realidade da população negra brasileira não nos deixa muito a comemorar.
Segundo o IPEA: “negros nascem com peso inferior a brancos, têm maior probabilidade de morrer antes de completar um ano de idade. Jovens negros morrem de forma violenta em maior número que jovens brancos e têm probabilidades menores de encontrar um emprego. Se encontrarem um emprego, recebem menos da metade do salário recebido pelos brancos, o que leva a que se aposentem mais tarde e com valores inferiores, quando o fazem. Ao longo de toda a vida, sofrem com o pior atendimento no sistema de saúde e terminam por viver menos e em maior pobreza que brancos.”
O racismo é a chave para se entender e superar a reprodução da pobreza e das desigualdades sociais no Brasil. Ele é percebido e vivido no cotidiano: nos shopping centers de elite, onde a negritude associada à pobreza é cirurgicamente afastada por intermédio da segurança privada e pela não presença de negros/as no atendimento ao público; na programação televisiva, onde os negros/as, quando aparecem, ocupam as tradicionais posições de subordinação (a empregada doméstica, o bandido, a prostituta, o menino de rua, o segurança); nas piadas e expressões de cunho racista sempre presentes nas reuniões de família brancas. Expressões como “não sou racista, mas nunca aceitaria meu filho ou filha casando com um negro/a” são comuns no Brasil. São milhões de pequenas e grandes atitudes, opções, decisões diárias, tomadas dentro de uma estrutura social e simbólica onde a cor da pele é um determinante importante. Isso faz com que negros/as tenham maiores dificuldades de acessar direitos, tendo que enfrentar constantemente, atos de preconceito e discriminação. Por isso somamos a nossa voz à celebração de Zumbi dos Palmares. Resistência, luta e transformação. Viva Zumbi!.
Alexandre Ciconello
Assessor do INESC
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