Com Fórum pela Igualdade Racial, sociedade dá novo passo contra estrutura do racismo no país

29/11/2016, às 15:05 | Tempo estimado de leitura: 7 min
Lançamento do Fórum Permanente pela Igualdade Racial (Fopir) foi realizado nesta terça-feira (29/11) em Brasília.

Qualquer iniciativa de enfrentamento ao racismo no Brasil é importante, e o lançamento do Fórum Permanente pela Igualdade Racial (Fopir) nesta terça-feira (29/11) em Brasília é mais um passo que a sociedade dá para romper com a estrutura do racismo no Brasil. Para Carmela Zigoni, assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), no atual contexto, o Fórum contribuirá para a defesa dos direitos que estão sendo limitados por agentes do governo federal e do Legislativo.

“Um exemplo é a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 55, que congela recursos para a saúde, previdência, assistência e educação, atingindo as pessoas mais vulneráveis, como as mulheres negras”, afirma Carmela. “Assim, o Fopir deverá se posicionar sempre na defesa dos direitos e contra o racismo institucional.

Veja aqui tudo o que aconteceu no lançamento do Fopir em Brasília.

O Inesc participa do Fórum Permanente pela Igualdade Racial (Fopir), uma coalizão de organizações antirracistas que tem como objetivo desenvolver estratégias e ações de mobilização, diagnóstico, comunicação e incidência política para fortalecer o enfrentamento do racismo e a defesa das políticas de promoção da igualdade racial e de gênero.

Conheça a página oficial do Fórum Permanente pela Igualdade Racial.

O Fopir vai buscar diálogo com governos, Ministério Público, parlamentares, operadores da Justiça, mídia e a sociedade, num momento em que há uma redução das agendas de direitos no país, “quando deveríamos estar aumentando essas agendas”, diz Carmela.

“Como é possível ser a favor de uma concepção de Estado como essa, em um país onde 25 mil jovens negros são mortos por ano de causas violentas? Onde a violência contra as mulheres negras aumentou 54% na última década?”, questiona Carmela. Some-se a isso a iminente aprovação da PEC 55 que afetará ainda mais as comunidades mais vulneráveis do país, como as populações negras, por promover um congelamento de gastos sociais por 20 anos.

“Por que não discutir as receitas, a sonegação fiscal, auditar a dívida, ao invés de cortar serviços e direitos de quem mais precisa? Sabendo que a população negra será a mais atingida por esse tipo de política, revela-se mais uma face do racismo brasileiro”, diz Carmela.

Durante o lançamento do Fórum foi apresentado uma análise sobre o Estado brasileiro e as desigualdades sociorraciais no século 21.  Foi também promovido um ato contra a intolerância religiosa e um debate sobre a “Década dos Povos Afrodescendentes: Onde estamos e para onde vamos?”.

A agenda do Fórum Permanente pela Igualdade Racial inclui o combate ao genocídio dos jovens negros, à violência contra as mulheres negras e à intolerância religiosa. A articulação vai atuar no incentivo ao debate amplo e democrático em prol do enfrentamento do racismo e na defesa das políticas de promoção da igualdade racial no país.

As ações promovidas pelo Fopir ocorrem um ano depois da Marcha das Mulheres Negras, que reuniu em Brasília cerca de 30 mil mulheres contra o racismo, a violência e pelo bem viver. De acordo com o Mapa da Violência 2015, produzido pela Faculdade Latino-Americana de Estudos Sociais, o número de mulheres negras mortas cresceu 54% em 10 anos (de 2003 a 2013), enquanto que o número de mulheres brancas assassinadas caiu 10% no mesmo período. Esse dados também serão objeto de análise na reunião do Fórum Permanente pela Igualdade Racial.

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Categoria: Notícia
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