O discurso do presidente Michel Temer em evento promovido esta semana pela Câmara Americana de Comércio no Brasil (Amcham Brasil) em Nova York não deixa mais dúvidas: “Estamos voltando ao passado para rifar o futuro. Temer foi vender o Brasil nos Estados Unidos, assim como foi vender para a China na reunião do G20, dizendo que a parceria de investimentos vai abrir mão inclusive da legislação ambiental, que vai exigir licenças aceleradas para garantir investimento em infraestrutura”, afirma Alessandra Cardoso, assessora política do Inesc, em entrevista à Rede Brasil Atual.
Segundo Alessandra, Temer tenta vender o país a quem estiver disposto a apostar no pacote neoliberal adotado após o golpe parlamentar dado no final do mês passado. É uma clara volta ao passado, diz a analista. “Temer está tentando retomar um pacote ultra-neoliberal que foi tentado nas décadas de 1980 e 1990, e foi interrompido porque é um caldeirão de tensões e de ofensiva a direitos, de flexibilização de legislação, de ofensiva à Constituição e de privatização que não vai resolver o problema estrutural de crescimento do país”, diz Alessandra.
O pacote de reforma trabalhista, previdenciária e de privatização que Temer apresentou a investidores também não vai resolver o problema estrutural do país do ponto de vista da retomada do crescimento, avalia a analista. “O que vamos fazer é aprofundar as desigualdades, a incapacidade do país de construir uma saída a longo prazo para o problema da crise que está posta e que tem um fator político muito evidente.”
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