Eles são invísiveis para boa parte da população do Distrito Federal mas seu trabalho é fundamental para a sustentabilidade da cidade, com a coleta de toneladas de material reciclável no maior lixão das Américas – o Aterro do Jóquei Club, mais conhecido com lixão da Estrutural. Essa dura realidade de milhares de pessoas que atuam diariamente na coleta do material descartado pela população de Brasília – e que dela sobrevivem – terá agora um pouco mais de visibilidade com uma exposição Eu Catador – o olhar dos catadores sobre o cotidiano do trabalho que está sendo organizada pelo fotógrafo brasiliense Kazuo Okubo na sua galeria especializada em fotografia, a Casa da Luz Vermelha (Clube ASBAC, SCES Trecho 2, Conjunto 31, Brasília).
Mas Kazuo é responsável apenas pela organização e curadoria das imagens. Os verdadeiros autores são os próprios catadores, que registraram com celulares o seu cotidiano no lixão da Estrutural, em fotografias impactantes, que dão a exata dimensão do mundo real de milhares de trabalhadores que atuam no local.
A exposição, que ficarão aberta ao público para visitação do dia 30 de setembro a 28 de outubro (de segunda a sexta, das 10 às 19h), tem apoio da Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Sedestmidh) do governo do Distrito Federal, da Fundação Banco do Brasil, e do Inesc.
Nós atuamos com os catadores da Estrutural por meio do Projeto Pró-Catador, que em Brasília tem a missão de fomentar os empreendimentos de inclusão social e econômica dos catadoras e catadores de materiais recicláveis com foco na organização, capacitação e articulação política em conformidade com a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Inesc vem acompanhando de perto a desativação do lixão da Estrutural e tem trabalhado diretamente com os catadores de material reciclável que atuam na área, promovendo cursos técnicos e de formação cidadã. Além disso, os catadores têm se reunido regularmente no Fórum Lixo & Cidadania para discutir o processo de inclusão das milhares de pessoas atuam no Lixão da Estrutural.
Desde 2012, quando foi fechado Gramacho, no Rio de Janeiro, o título de maior lixão das Américas foi transferido para Brasília, mais precisamente para o lixão da Cidade Estrutural. São milhares de toneladas de lixo que chegam a esse local todos os dias, grande parte produzido pelos moradores mais abastados do Distrito Federal, despejado sem qualquer preocupação ambiental, causando contaminação do solo e subsolo, poluindo o lençol freático e provocando inúmeros problemas de saúde.
Essa situação está para mudar com inauguração do novo aterro sanitário de Samambaia, que fica a 40 quilômetros a oeste do centro do Plano Piloto. Uma questão, no entanto, permanece: o que será dos milhares de catadores de material reciclável que hoje dependem economicamente do lixão da Estrutural?
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