Silvia Alvarez, Autor em INESC - Página 7 de 22

Organizações entram com pedido de impeachment de Paulo Guedes no STF

A Coalizão Direitos Valem Mais, articulação que reúne mais de 200 entidades, entre elas o Inesc, ingressou nesta quinta-feira (7), no Supremo Tribunal Federal (STF), com um pedido de impeachment do ministro da Economia, Paulo Guedes. Na denúncia popular protocolada na Corte, a Coalizão acusa o ministro de crime de responsabilidade durante a gestão da pandemia da Covid-19. Assinam em nome da Coalizão e da articulação Plataforma Dhesca Brasil, 13 entidades da sociedade civil, na qual solicitam intimação da Procuradoria-Geral da República para ciência e manifestação quanto à proposta de representação e abertura de inquérito de apuração por crime de responsabilidade contra o ministro. Em setembro, a Coalizão Direitos Valem Mais e a Plataforma Dhesca apresentaram os principais argumentos da denúncia em audiência pública da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos, que abordou as violações cometidas pelo Estado brasileiro no contexto da pandemia.

O principal ponto da acusação é que o ministro Paulo Guedes deixou de prever em 2020, na proposta do orçamento de 2021 enviada ao Congresso Nacional, recursos para o enfrentamento da Covid-19 neste ano, que concentrou até o mês de agosto aproximadamente 65% das mortes e 62% dos contaminados desde o início da pandemia, de acordo com os dados do consórcio dos veículos de imprensa.

“Somente esse ato, por si só, já caracteriza crime de responsabilidade”, explica a advogada Eloísa Machado, professora de direito constitucional da Fundação Getúlio Vargas, que representa a Coalizão Direitos Valem Mais. “Bloquear o orçamento público brasileiro de servir à concretização dos direitos fundamentais previstos na Constituição é crime de responsabilidade, na medida em que representa violação aos princípios da Lei Orçamentária, previsto nos artigos 10.1 e 10.2 da Lei 1079/50”, completa a advogada. O próprio Ministério da Economia admitiu à CPI da Covid, por meio de ofício, que não destinou recursos específicos para o combate à pandemia no PLOA de 2021 por conta da incerteza sobre a crise sanitária”.

Imunidade de Rebanho

Na ação, a Coalizão observa que a ausência de previsibilidade de recursos para o combate à Covid-19 na proposta de orçamento de 2021 apresentada pelo Ministério da Economia reflete a aposta do governo federal na chamada ‘imunidade de rebanho’. “Essa estratégia foi usada nitidamente como justificativa para evitar medidas econômicas capazes de minimizar o impacto da pandemia. Para a equipe econômica, naquele momento (outubro de 2020), a imunidade logo chegaria e seriam desnecessárias ações econômicas específicas para enfrentamento à Covid-19”, afirma Eloísa.

“O ministro Paulo Guedes agiu deliberadamente para que não houvesse recurso no enfrentamento à pandemia de Covid-19 em 2021. Seja para perseguir uma pretensa tese de imunidade de rebanho, seja por acreditar – sem quaisquer fundamentos razoáveis – que a pandemia acabaria repentinamente no país. Os fatos mostram que o ministro da Economia agiu deliberada e ativamente para impedir que o Estado brasileiro tivesse condição de reagir, através de políticas públicas, aos desafios impostos pela pandemia”, afirma Denise Carreira, uma das porta-vozes da Coalizão Direitos Valem Mais, Plataforma Dhesca e Ação Educativa. A atuação do ministro também foi denunciada pela advogada Bruna Morato em depoimento à CPI da Covid no dia 28 de setembro, quando destacou a existência de uma “aliança” entre a operadora de planos de saúde Prevent Senior e o Ministério da Economia para promover o uso da hidroxicloroquina e combater medidas de isolamento social.

Política de fomento à pobreza

O pedido de impeachment também chama a atenção para a condução do Ministério da Economia dada por Paulo Guedes desde que assumiu o cargo como “superministro” em janeiro de 2019 e seus impactos nas políticas sociais e ambientais. No entendimento da Coalizão, o Ministro atua na perspectiva de fomentar a pobreza, o que contraria os preceitos da Constituição. Segundo dados do Cadastro Único para programas sociais (CadÚnico), a pandemia aprofundou a desigualdade social, aumentando o número de pessoas em situação de extrema pobreza no país. Em março de 2020, início da pandemia no Brasil, havia cerca de 13,5 milhões de pessoas nessa condição. Esse número saltou para 784 mil pessoas em março deste ano, o que representa um crescimento de 5,8%.

Em diversas falas públicas, Guedes manifestou uma perspectiva discriminatória com relação à população mais pobre e mostrou seu entendimento de que não é papel do Estado erradicar a pobreza, embora este seja um dos objetivos fundamentais da República brasileira previstos na Constituição (art. 3º, III). Em fevereiro de 2020, pouco antes do início da pandemia, Guedes disse que o dólar alto afastava a possibilidade de as empregadas domésticas viajarem para a Disney. Mais recentemente, em abril deste ano, ao reclamar do Fies – programa do governo federal que financia estudantes a cursarem o ensino superior –, o ministro afirmou que a iniciativa levou até filho de porteiro que zerou o vestibular para a universidade.

Em outubro de 2020, já no auge da Covid-19, Guedes suspendeu o pagamento do auxílio emergencial, o que jogou 2 milhões de pessoas de volta à extrema pobreza e 19 milhões no mapa da fome. Neste ano, 53,2% do orçamento exclusivo para o enfrentamento à pandemia foram destinados ao auxílio emergencial, programa que forneceu cinco parcelas de R$ 600,00 (seiscentos reais) a 66,2 milhões de brasileiros. A proposta inicial do governo para o auxílio emergencial era de R$ 200,00, valor considerado irrisório pelo Congresso Nacional. Mesmo diante do agravamento da crise econômica e sanitária, o benefício foi cortado pela metade e, posteriormente, suspenso – deixando um saldo disponível de 28,9 bilhões já aprovados, como mostrou o relatório do Inesc “Um País sufocado”.

“Dificultar o acesso de brasileiros a uma renda mínima foi uma estratégia deliberada para impedir e desestimular as medidas de isolamento social, violando patentemente os direitos fundamentais e sociais previstos na Constituição – o que é tipificado como crime de responsabilidade pelo artigo 7.9 da Lei 1079/50”, explica a Eloísa.

Nos quatro primeiros meses de 2021, não houve pagamento do auxílio emergencial. Foram os meses mais agudos da pandemia desde então. O governo condicionou o retorno do benefício à aprovação de novas medidas fiscais. Em março, o governo mobilizou esforços junto ao Congresso para aprovar a Emenda Constitucional 109, que limitou o montante a ser destinado à nova etapa de transferência de renda emergencial, entre outras medidas. Retomado em abril, mês mais letal da Covid-19, o auxílio emergencial foi reduzido a ¼ do valor originalmente instituído pelo Congresso Nacional e a pouco mais da metade dos beneficiários. Neste mesmo mês, o Orçamento 2021 foi aprovado sem considerar a continuidade da pandemia e sem previsão de recursos adicionais para a saúde e outras políticas sociais.

Nos seis primeiros meses de 2021, quando a pandemia atingia seu maior pico no Brasil, o governo executou apenas o equivalente a 22% do orçamento destinado ao combate à Covid-19 no mesmo período em 2020. Entre janeiro e junho de 2020, a despesa do governo federal para este fim foi de R$ 217,73 bilhões, enquanto nos mesmos meses de 2021 este valor foi de apenas R$ 48,34 bilhões. “A baixa execução do orçamento afeta diretamente os mais vulneráveis e enfraquece as medidas de contenção da doença, na medida em que não deixam alternativa que não o retorno a atividades, formais e informais. A irresponsabilidade fiscal ao não executar o orçamento resultou em mortes, adoecimento, sofrimento e fome”, aponta a advogada.

13 entidades assinam o pedido em nome da Coalizão Direitos Valem Mais

  1. Ação Educativa: Assessoria, Pesquisa e Informação
  2. Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (Abed)
  3. Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação (Fineduca)
  4. Campanha Nacional pelo Direito à Educação
  5. Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas)
  6. Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE)
  7. Criola
  8. Fian Brasil – Organização pelo Direito Humano à Alimentação e à Nutrição Adequadas
  9. Gestos – Soropositividade, Comunicação e Gênero
  10. Grito dos Excluídos
  11. Instituto de Direito Sanitário Aplicado (Idisa)
  12. Justiça Global
  13. União Nacional dos Estudantes (UNE)

SOBRE A COALIZÃO DIREITOS VALEM MAIS

Criada em 2018, a Coalizão é um esforço intersetorial que atua por uma nova economia comprometida com os direitos humanos, com a sustentabilidade socioambiental e com a superação das profundas desigualdades do país. Atualmente, 200 reúne mais de associações e consórcios de gestores públicos; organizações, fóruns, redes, plataformas da sociedade civil; conselhos nacionais de direitos; entidades sindicais; associações de juristas e economistas e instituições de pesquisa acadêmica. www.direitosvalemmais.org.br

 

INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA

Julia Daher | comunicacao@plataformadh.org.br | (11) 994577006 [apenas whatsapp]

ONU recomenda reforma na dívida pública alinhada com Princípios de Direitos Humanos

A Organização das Nações Unidas (ONU) acaba de publicar um relatório em que recomenda o uso dos “Princípios de Direitos Humanos na Política Fiscal” aos países que realizam, ou realizarão no futuro, reformas econômicas visando a reestruturação da dívida pública.

Segundo o relatório, é fundamental que os Estados incorporem princípios relacionados com direitos humanos nas suas decisões de reforma sistêmica da arquitetura da dívida, para a promoção de reformas mais justas socialmente. Os “Princípios de Direitos Humanos na Política Fiscal” são citados como um dos documentos que consolida esses princípios.

Outro tema apontado como fundamental para a realização das reformas na dívida é o da transparência, participação e prestação de contas. “Os Estados devem garantir que os processos de tomada de decisão e acordos relacionados à dívida estejam abertos a um debate público informado e inclusivo, no qual grupos que historicamente estiveram a par destes debates participem”, diz o texto.

Princípios de Direitos Humanos na Política Fiscal

No Brasil, a carta internacional dos Princípios contou com a colaboração direta do Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos). “Qualquer reforma deve priorizar a justiça social, a equidade e a transparência. As pessoas têm direito às informações fiscais”, acrescenta Livi Gerbase, assessora política da instituição.

“Atualmente, pagamos no Brasil um dos maiores serviços da dívida pública do mundo, devido a taxas de juros historicamente altas. Os beneficiados dos juros altos são, em sua maior parte, bancos e fundos de investimento, controlados pelas elites econômicas. As decisões de política monetária, principalmente a definição da taxa básica de juros, precisam ter isto em mente”, complementa a assessora do Inesc.

O relatório da ONU foi redigido pela  Yuefen Li, Especialista Independente sobre Reforma da Arquitetura da Dívida Internacional e Direitos Humanos. Observando a centralidade dos direitos humanos nas reformas da arquitetura da dívida, a Especialista Independente inclui os Princípios de Direitos Humanos na Política Fiscal entre os princípios orientadores existentes, que esclarecem a primazia das obrigações e normas padrões de direitos humanos sobre o serviço da dívida, entre outras medidas.

 

Inflação e regras fiscais estrangulam orçamento para área social em 2022

O reajuste do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) para 8,4% anunciado pelo governo nesta quinta-feira (16) piora ainda mais a distribuição dos recursos para programas sociais discricionários no orçamento da União, afirma uma Nota Técnica divulgada pelo Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos).

Segundo a organização, o fato de os gastos assistenciais e previdenciários serem reajustados pela inflação, em um cenário de Teto de Gastos de despesas primárias, fará com que as despesas obrigatórias do governo cresçam ainda mais até a aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2022, causando novos cortes às despesas discricionárias. As projeções do governo indicam um gasto obrigatório adicional de R$ 17,4 bilhões em 2022, após essa atualização.

Outra preocupação do Instituto está na questão dos precatórios, dado que o Projeto direcionou os recursos do teto de gastos quase que inteiramente para o pagamento de precatórios e outras despesas obrigatórias, impossibilitando a utilização da “folga” conquistada com a revisão do INPC para gastos sociais advindos em decorrência do impacto da pandemia e investimentos para a retomada econômica e geração de emprego e renda.

Para além de cumprir o teto, o objetivo do PLOA 2022 é reduzir o déficit primário, isto é, a relação entre as despesas e as receitas não-financeiras. Este índice está estimado em R$ 49,6 bilhões, montante inferior à meta de resultado primário estabelecida pela LDO 2022.

Almeja-se, assim, expressiva redução das despesas primárias para 2022 como proporção do PIB, com destaque para as despesas discricionárias, que atingem seu menor montante do período recente (1,0% do PIB).

“Parte dos recursos para políticas de garantia de direitos sociais e ambientais estão nos gastos discricionários que, portanto, continuarão sofrendo cortes orçamentários”, resume Livi Gerbase, assessora política do Inesc.

Outra face da queda do espaço para as despesas discricionárias são os investimentos, cuja diminuição esperada, de acordo com a estimativa realizada pelas Consultorias do Senado e da Câmara, é de 36,9% em relação aos valores autorizados para 2021, indo de R$ 40 bilhões em 2021 para R$ 27 bilhões em 2022.

Como as emendas parlamentares ainda não estão dentro destes valores, provavelmente os investimentos ainda vão crescer até a aprovação da LOA, porém, este nível é o mais baixo desde 2010. No auge da série histórica, entre os anos de 2010 e 2014, os investimentos chegaram a ultrapassar o patamar dos R$ 100 bilhões.

Impactos da pandemia ignorados em 2022 

O governo já havia decretado o fim da pandemia no orçamento de 2021, quando aprovou recursos insuficientes para as políticas públicas de enfrentamento das consequências econômicas, sociais e sanitárias da crise. Para 2022, estas políticas estão praticamente zeradas.

O Auxílio Emergencial, principal política para combater as consequências econômicas da pandemia realizada pelo governo federal, será encerrado em 2021 e, para 2022, a ideia é reformular o Bolsa Família sob a égide de um novo programa, o Auxílio Brasil. Este, porém, ficou limitado ao mesmo nível de recursos previstos para o Bolsa Família em 2021. ​​Para o pagamento do Auxílio Brasil, o PLOA 2022 prevê R$ 34,7 bilhões, com o que se espera atender 14,7 milhões de famílias.

O Bolsa Família beneficiou, no mês de agosto de 2021, 14,6 milhões de famílias e sua dotação na LOA 2021 foi de R$ 34,8 bilhões. Ou seja, o Auxílio Brasil nem foi sequer ajustado pela inflação para 2022, quando comparamos com os valores do Bolsa Família de 2021.

Para a saúde, é a primeira vez que o governo prevê recursos para o enfrentamento da pandemia dentro do orçamento. Porém, este ainda é um valor muito inferior ao que o governo efetivamente autorizou ao longo de 2021 no Ministério da Saúde para o enfrentamento da pandemia, a partir de créditos extraordinários. Logo, a realidade é que há uma redução violenta de recursos para a área.

O Auxílio Emergencial e os recursos para a Saúde são os únicos a apresentarem orçamento para o enfrentamento da pandemia no PLOA 2022. Apesar do Brasil ter atingido as maiores taxas de desemprego nos últimos 10 anos, os programas de assistência a empresas e trabalhadores serão encerrados em 2021, e a ajuda aos estados e municípios dentro do programa federativo de enfrentamento da Covid-19 foi finalizada ainda em 2020.

“É neste sentido que podemos afirmar que o PLOA 2022 está muito aquém do necessário para garantir direitos e impulsionar a economia em um cenário de pandemia que ainda mata pessoas e assola a economia nacional”, concluiu Livi Gerbase.

Veja a análise do PLOA 2022 por áreas:

SAÚDE

– Para enfrentamento da Covid-19, o PLOA 2022 reserva R$7,1 bilhões na área da Saúde. Esse valor é só 15% do que foi autorizado para 2021.
– O orçamento para a compra de vacinas contra a Covid-19 está 85% menor que o previsto para 2021.
– Atividades fundamentais, e que representam a maior parcela dos gastos com saúde, tais como atenção básica, assistência hospitalar e ambulatorial e vigilância epidemiológica, perderão 37%, 32% e 28% dos seus recursos respectivamente. Isto levanta a preocupação de como o atendimento à população será mantido.
– Atividades de formação de recursos humanos e desenvolvimento científico também perdem recursos em relação a 2021 (18% e 17% respectivamente).

EDUCAÇÃO

– O PLOA 2022 para a Educação vem apenas com a correção dos valores pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
– Em 2022, o valor inserido no projeto de lei para o Ensino Superior é R$ 1 bilhão a mais que em 2021. No entanto, este aumento não ganha da inflação. Além disso, esta área vem perdendo recursos, que já foram da ordem de R$ 40 bilhões até 2018.

URBANISMO e HABITAÇÃO

– As principais funções orçamentárias que compõem o Direito à Cidade, que são Urbanismo e Habitação, vêm perdendo recursos sistematicamente, principalmente por suas ações serem despesas discricionárias.

MEIO AMBIENTE

-Comparando o PLOA de 2022 com o de 2021, o aumento, em termos nominais, é de 34,3%, o que representa R$ 798,9 milhões de reais.
-Os recursos do Ibama para a fiscalização e controle do desmatamento, porém, foram reduzidos em R$ 62,8 milhões, se compararmos os valores autorizados de 2021 com o PLOA 2022.

CRIANÇA E ADOLESCENTE

-Para 2022, o PLOA permanece sem proposta de ação para prevenção e enfrentamento das violências e não houve especificação de rubrica orçamentária para o gasto com o Sistema Socioeducativo.
-Para a saúde da criança e do adolescente, os valores permaneceram os mesmos do corrente ano.
-Para o Combate ao Trabalho infantil e Estímulo à Aprendizagem estão previstos míseros R$ 523,8 mil.

IGUALDADE RACIAL E QUILOMBOLAS

-Para além das políticas do MMFDH, recursos para quilombolas aparecem em outros Ministérios e órgãos, mas eles sofrem com falta de execução ao longo do ano.
-Em relação à segurança alimentar e nutricional, o PLOA 2022 prevê R$ 18,3 milhões na Ação 2792 – Distribuição de Alimentos a Grupos Populacionais Tradicionais e Específicos, uma redução discreta em relação aos R$ 20,5 milhões autorizados para 2021.
-Ainda neste tema, o PLOA 2022 prevê R$101,7 milhões para o Programa de Aquisição de Alimentos PAA . Em 2021, o recurso autorizado nesta ação foi de R$ 295,4 milhões dos quais foram executados apenas 12,6% até setembro de 2021.
-No âmbito da Funasa, para a Ação 21C9 – Implantação, Ampliação ou Melhoria de Ações e Serviços Sustentáveis de Saneamento Básico em Pequenas Comunidades Rurais ou em Comunidades Tradicionais, estão previstos R$90 milhões na PLOA 2022, um aumento de R$10 milhões em relação ao autorizado para 2021. Em 2020, foram autorizados R$ 210,8 milhões, porém, só foram pagos R$ 19,3 milhões.
-Por fim, no que concerne à regularização fundiária realizada pelo INCRA, estão previstos R$ 405 mil reais para a Ação de Indenização das Benfeitorias e de Terras aos Ocupantes de Imóveis em Áreas Reconhecidas para as Comunidades Quilombolas. Este ano, a ação conta com apenas R$ 286 mil reais autorizados. Em 2020, foram autorizados R$ 30,2 milhões para esta ação, mas estes recursos foram alocados devido a determinações judiciais.

MULHERES

-O recurso previsto no PLOA 2022 para políticas voltadas para as mulheres é de R$ 39,6 milhões, um valor 56,8% maior que o projeto de lei enviado em 2021. No entanto, os recursos para o MMFDH, responsável por executar políticas para as mulheres, aumentaram ao longo de 2021, logo se comparamos o PLOA 2022 com o recurso autorizado até setembro de 2021, houve uma redução de 33,3%.
-É importante notar que a área de Mulheres sofre de baixa execução orçamentária, ou seja, os recursos são aprovados, mas não executados. A execução do recurso alocado em 2021 para realização de políticas para as mulheres, até setembro deste ano, está em 25,3%. Em 2020, a execução dos recursos voltados para mulheres foi de 29,8%.

POVOS INDÍGENAS

-O montante destinado ao órgão é 3% menor que o atribuído no PLOA 2021, em valores correntes.
-Há um aumento de R$11 milhões de recursos atribuídos na PLOA 2022 ao principal programa finalístico da FUNAI em relação ao PLOA 2021, relacionado à Proteção e Promoção dos Direitos dos Povos Indígenas. Este programa,
-Por fim, os recursos destinados à Saúde Indígena na PLOA 2022 são, em valores correntes, R$21 milhões mais altos que na PLOA 2021, representando, na prática, uma queda de 6,5 % dos valores atribuídos entre um ano e outro, quando corrijimos o montante segundo a inflação.

>>> Baixe a íntegra do estudo <<<

Análise do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA 2022)

Para 2022, mais uma vez, temos um orçamento que ignora a crise sanitária, econômica e social que vivemos no Brasil. No Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA 2022) encaminhado pelo governo ao Congresso Nacional no dia 31 de agosto, o teto de gastos e a meta de resultado primário seguem reduzindo o espaço para as despesas, principalmente as discricionárias; a inflação não é enfrentada; as políticas para o combate à pandemia são radicalmente reduzidas, mesmo considerando os recursos já escassos em 2021; e níveis historicamente baixos de investimentos impedem a retomada econômica. Em relação aos direitos humanos, a situação permanece a mesma: um cenário de estagnação de recursos que impede sua realização.

Nesta nota técnica, o Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos) analisa as metas fiscais e o orçamento para as seguintes áreas: enfrentamento da Covid-19, Educação, Saúde, Meio Ambiente, Direito à Cidade, Igualdade Racial e Quilombolas, Indígenas, Mulheres, e Crianças e Adolescentes.

Sistematização do curso de formação em inovação e acesso a medicamentos

Sistematizamos a experiência do Curso de Formação em Inovação e Acesso a Medicamentos para Conselheiros e Conselheiras de Saúde neste relatório, com o objetivo de colaborar na construção de possibilidades de realização de processos formativos em ambientes virtuais. Assim, compartilhamos aqui não só um relato das atividades, mas de todo o processo, desde o planejamento até a sua conclusão.

Realizado pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), o curso contou com a parceria do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e do Centro de Educação e Assessoramento Popular (CEAP). O curso teve a duração de três meses e foi realizado de dezembro de 2020 a fevereiro de 2021, em formato totalmente virtual. Mas as atividades de planejamento e conclusão se estenderam para além disso, iniciando-se em junho de 2020 e finalizando em março de 2021.

Inesc lança Quiz dos Incentivos Fiscais

Você sabia que o Brasil deixa de arrecadar, todos os anos, cerca de 300 bilhões de reais em impostos de empresas e pessoas físicas?

É muito recurso que poderia financiar políticas públicas, como as necessárias para enfrentar as consequências econômicas, sanitárias e sociais da pandemia! Em época de crise, precisamos monitorar este recurso e pressionar para que seja aplicado da melhor maneira possível.

Mas o quanto você sabe sobre incentivos fiscais no Brasil? No dia em completa 42 anos de história, o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) lança o “Quiz dos Incentivos Fiscais”, jogo que testa seus conhecimento sobre isenção de impostos e alerta para a falta transparência no destino do benefício.

>>> Teste seus conhecimentos e aprenda junto! <<<

Só Acredito Vendo

O jogo foi pensado no âmbito da campanha #SóAcreditoVendo, que pede a transparência na política de isenção de impostos. Todos podem participar da ação assinando o manifesto em socreditovendo.org.br.

A campanha #SóAcreditoVendo é uma iniciativa do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), ACT Promoção da Saúde, FIAN Brasil, Purpose e Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos. O movimento conta com o apoio de outras 37 organizações da sociedade civil.

 

 

Vem pra Semana de Orçamento & Direitos 2021!

Promovida pelo Inesc, a Semana de Orçamento e Direitos surgiu com o intuito de facilitar o entendimento do orçamento público para todas e todos. Se você acha que o orçamento público é um bicho de sete cabeças e muito distante do seu dia a dia, queremos te mostrar que você não precisa ter um diploma de Economia para entender e opinar sobre quais devem ser as prioridades do orçamento público, que afeta – e muito – a sua vida.

A ideia é que se torne um evento anual, sempre na semana do aniversário do Inesc (completamos 42 anos no dia 20 de agosto!). Desde 2020, o evento reúne especialistas e militantes de direitos humanos para debater as prioridades do orçamento público e o papel deste importante instrumento no combate às desigualdades. Vem pra Semana de Orçamento & Direitos 2021!

Programação 16 a 20 de agosto

– 16/8 – A semana começou com um workshop para jornalistas “Entendendo o orçamento público”. Saber onde encontrar e como interpretar dados do orçamento público são habilidades cada vez mais importantes para jornalistas. Perdeu a oficina? Não tem problema, ficou gravada no nosso youtube.

– 17/8 – Lançamos uma Nota Técnica que desvenda os interesses pro trás do “orçamento secreto” e suas implicações para a garantia dos direitos humanos. Lvi Gerbase, assessora política do Inesc e autora da nota também falou sobre o assunto em um vídeo no nosso Instagram.

– 18/8 – Na quarta-feira, os economistas Juliane Furno e Pedro Rossi conversam sobre desigualdades, políticas públicas e orçamento durante a pandemia da Covid-19 em live no Instagram do Inesc, às 14h15. Com moderação de Carmela Zigoni, assessora política do Inesc, e participação de Fábio Silva e Márcia Mesquita – jovens integrantes de projetos do Inesc. Participe!

– 20/8 – No dia em que o Inesc completa 42 anos, lançamos um quiz sobre gastos tributários, em que é possível aprender o que são e para onde vão os incentivos fiscais, que consomem mais de R$ 300 bilhões por ano do orçamento público.

 

Entenda o “orçamento secreto” e suas implicações na garantia dos direitos

O Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) lança hoje (13/8) uma nota técnica que desvenda os interesses pro trás do “orçamento secreto” e suas implicações para a garantia dos direitos humanos.

Para compreender o “orçamento secreto”, denunciado primeiramente pelo jornal O Estado de S.Paulo como um mecanismo de barganha entre o Congresso Nacional e o Planalto,  é necessário entender o papel das emendas parlamentares no orçamento público. Depois, aprofundar-se no que são as emendas de relator-geral, para onde elas estão indo e como estão sendo executadas. É a essas explicações que se dedica a nota técnica do Inesc. O documento também analisa as implicações do “orçamento secreto” para a garantia de direitos humanos, à luz dos  Princípios de Direitos Humanos na Política Fiscal.

>>> Leia a íntegra do documento

Somando 2020 e 2021, os recursos autorizados para o orçamento secreto, que também ficou conhecido como “tratoraço”, foram de R$ 38,7 bilhões. Em um cenário de crise econômica, fiscal e sanitária, onde recursos para a garantia de direitos humanos estão sofrendo  cortes constantemente, é imperativo o entendimento acerca de como estes recursos são mobilizados e para qual finalidade.

“A criação de um orçamento à parte para o fortalecimento dos redutos eleitorais de deputados e senadores em época de vacas magras é uma afronta direta às políticas sociais e ao planejamento governamental”, afirma Livi Gerbase, assessora política do Inesc e autora da nota.

 

O Orçamento Secreto e suas implicações na garantia de direitos humanos

Para entender o “Orçamento Secreto”, denunciado primeiramente pelo jornal O Estado de S.Paulo como um mecanismo de barganha entre o Congresso Nacional e o Planalto,  é necessário entender o papel das emendas parlamentares no orçamento público. Depois, aprofundar-se no que são as emendas de relator-geral, para onde elas estão indo e como estão sendo executadas. É a essas explicações que se dedica a presente Nota Técnica do Inesc. O documento também analisa as implicações do “orçamento secreto” para a garantia de direitos humanos, à luz dos  Princípios de Direitos Humanos na Política Fiscal.

 

Workshop – Orçamento público para jornalistas

Diante da enorme quantidade de dados sobre orçamento público disponíveis na web, saber o que procurar e onde encontrar são habilidades cada vez mais importantes para jornalistas. Pensando nisso, o Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos) oferece um workshop gratuito a esses profissionais para mostrar como acessar e interpretar os números do orçamento público.

A atividade faz parte da Semana de Orçamento & Direitos – evento anual realizado na semana em que o Inesc faz aniversário, que reúne especialistas e militantes de direitos humanos em torno do tema do orçamento público. Este ano, o foco da oficina para jornalistas será um estudo de caso sobre os recursos da Educação no contexto da pandemia.

Conteúdo do curso

  • Como se organiza o ciclo orçamentário no Brasil
  • Principais categorias do orçamento.
  • Etapas de Execução Orçamentária.
    • Estudo de caso: Programa “Dinheiro Direto na Escola”: recursos da Educação para a volta às aulas na pandemia.
  • Principais portais orçamentários para acompanhar os recursos de combate à Covid-19

 

Data: 16/08
Horário: das 9h às 11h
Local: Plataforma Zoom (o link será enviado por e-mail)

Assista:

Sobre o Inesc

O Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) é uma organização não governamental, sem fins lucrativos e apartidária. Há 41 anos, utiliza a análise do orçamento público como ferramenta estratégica para influenciar as políticas públicas, com a missão final de aprofundar a democracia, o fortalecimento da cidadania e a realização dos direitos humanos no Brasil.

Inesc em números: balanço de 2020

Há 41 anos, seguimos nossa luta pelo fortalecimento da democracia dos cidadãos e movimentos populares. Nosso trabalho inclui campanhas, formações e incidências, entre outras atividades. Mas para explicar melhor essas ações e o alcance delas no ano de 2020, selecionamos alguns números que mostram a repercussão do nosso trabalho.

Confira:

Formação e sensibilização

A partir da nossa Metodologia Orçamento & Direitos, preparamos crianças, adolescentes, jovens, adultos e movimentos sociais para compreenderem o orçamento público. Nosso objetivo é que cada vez mais pessoas entendam e atuem na análise, monitoramento e disputa do orçamento público, sempre pela lente dos direitos humanos.

Inesc em números 2020: formações e sensibilizações

 

Transferência de renda

A pandemia intensificou a vulnerabilidade econômica de várias famílias, inclusive daquelas cujos jovens são integrantes dos nossos projetos. Com auxílio da organização alemã Pão para o Mundo (PPM), organizamos um programa de emergência que auxiliou 230 famílias durante quatro meses com bolsas de R$ 300, o Inesc Solidário.

Inesc em números 2020, dados do inesc Solidário

Campanhas

O ano de 2020 também ficou marcado pelas campanhas e mobilizações que nós criamos e participamos. A luta por uma renda básica permanente com a Renda Básica que Queremos e a reflexão sobre a sub-representação de minorias políticas com a #QueroMeVerNoPoder foram algumas das iniciativas que contaram com nossa mobilização e articulação.

Renda Básica que Queremos

Por causa da pandemia e de seus preocupantes desdobramentos, nós e outras cinco organizações impulsionamos a campanha Renda Básica que Queremos. A iniciativa foi decisiva na criação de uma renda básica de R$ 600 (R$ 1.200 nos casos de famílias chefiadas por mulheres, com filhos/as), garantindo condições de vida dignas para milhões de famílias mais pobres. A petição em prol do auxílio contou com 480 mil assinaturas.

Inesc em números 2020: Dados renda Básica que queremos

#QueroMeVerNoPoder

#QueroMeVerNoPoder surgiu para sensibilizar a sociedade brasileira sobre a sub-representação de mulheres, negros, indígenas, quilombolas, povos tradicionais de matriz africana, jovens e LGBTIQ+ nos cargos públicos eletivos durante as Eleições 2020. A campanha foi lançada pela Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político e contou com nosso apoio.

Brasil pela Democracia

O pontapé inicial da campanha foi a live Democracia Vive! com artistas, intelectuais e integrantes de diversos movimentos sociais. O intuito da iniciativa foi mostrar como desigualdade, desemprego, racismo, machismo, homofobia, desmatamento, fake news, violência e ataque às instituições colocam a democracia do país em risco. Além da nossa participação, a iniciativa teve apoio de outras 80 entidades.

Te Segura na Rede

Nossa campanha trouxe conteúdo didático sobre cuidados digitais para lideranças, campesinos e ribeirinhos do interior do estado do Pará. Cards, áudios, vídeos, stickers e gifs sobre o uso seguro do Whatsapp, senhas fortes e cuidado com fake news foram distribuídos pelo aplicativo. Como o tema segurança digital costuma ser de difícil acesso por estar em inglês, tivemos o cuidado de passar o conhecimento com referências culturais paraenses.

Doe!

Focada em mensagens leves, divertidas e positivas, nossa campanha de fim de ano chegou para ser um alívio em um ano tão difícil. As doações são essenciais para o fortalecimento de nossas ações e campanhas.

Orçamentos e direitos

O Brasil com Baixa Imunidade

Ao produzir o relatório O Brasil com Baixa Imunidade – Balanço do Orçamento Geral da União 2019, nós inauguramos uma série anual de análises sobre os gastos orçamentários da União do ano anterior e as previsões para o ano em curso. Verificamos a execução do orçamento nas áreas de saúde, educação, direito à cidade, socioambiental, criança e adolescente, igualdade racial, mulheres e povos indígenas. Vários números chamaram atenção, entre eles, o corte de 28,9% nas despesas discricionárias dos programas sociais do país entre 2014 e 2020.

Inesc em números 2020: citações na mídia

Semana de Orçamento e Direitos

Em agosto de 2019, promovemos o Festival Mais Direitos, Mais Democracia, um evento realizado em Brasília para comemorar as quatro décadas da organização, celebrando os direitos humanos, a democracia, a diversidade e a cultura. Com a pandemia, não pudemos repetir e nem fazer um evento presencial. Portanto, lançamos a Semana de Orçamento e Direitos. A ação estreou em agosto de 2020 com o intuito de facilitar o entendimento do orçamento público para todos e todas. A ideia é que se torne um evento anual, sempre na semana do nosso aniversário. A primeira edição teve duração de cinco dias e alcançou 1.500 pessoas. As lives da Semana de Orçamento e Direitos estão disponíveis no nosso canal no Youtube.

Incidências

Nossa atuação junto aos três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) resultou em

Inesc em números 2020: incidências

Dessas, destacam-se:

Aprovação da Renda Básica Emergencial para 6,7 milhões de pessoas

Graças a nossa atuação (e de outras quatro organizações) e à pressão da sociedade civil, a renda básica emergencial  foi aprovada e conseguiu garantir condições de vida digna para as famílias mais pobres, principalmente para as mulheres.

Plano emergencial de atendimento de povos indígenas e povos e comunidades tradicionais

De acordo com a nossa Nota Técnica “Execução orçamentária da Saúde Indígena diante da pandemia do novo coronavírus” os recursos da Saúde Indígena executados no primeiro semestre de 2020 caíram em relação aos do mesmo período de 2019 – mesmo diante grave emergência sanitária causada pelo novo coronavírus. Considerando o valor autorizado da ação “Promoção, Proteção e Recuperação da Saúde Indígena”, houve uma queda de 9% (R$ 1,54 bilhão para R$ 1,39 bi), entre 2019 e 2020. Em todo o período da gestão Bolsonaro, a redução chega a 14% entre 2018 e 2020.

Agenda internacional

Participação no The Finance in Common Summit

Em novembro, nossa codiretora, Iara Pietricovsky, participou do primeiro The Finance in Common Summit, reunião dos bancos públicos de desenvolvimento. Na ocasião, Pietricovsky destacou a necessidade do compromisso com um modelo de desenvolvimento que combata as desigualdades e promova a sustentabilidade. O presidente francês, Emmanuel Macron; o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres; e o secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Gurría, também estiveram presentes no evento.

Frente Brasileira contra o Acordo União Europeia-Mercosul e EFTA

No mês seguinte, a Frente Brasileira (que conta com nossa participação e de outras 100 organizações) assinou a carta aberta “O acordo Mercosul-União Europeia bloqueia o futuro do Brasil”. O acordo citado contribui para uma escalada de violações de direitos humanos e socioambientais, e poderá bloquear o desenvolvimento do nosso país. A relevância do documento foi comprovada, mais uma vez, em fevereiro de 2021, quando foi mencionado pela eurodeputada da Bélgica, Saskia Bricmont,  durante a reunião do Comitê sobre Comércio Internacional do Parlamento Europeu (INTA), em Bruxelas.

Debate público

A pandemia não freou nossas atividades, pelo contrário, nos deu mais energia para pautar o debate público em torno dos temas de orçamento público e direitos humanos. Alcançamos mais de 70 mil pessoas em eventos presenciais e on-line, e a nossa comunicação esteve mais forte do que nunca. Em 2020, contabilizamos:

Inesc em números 2020: debate público

 

O desafio do ECA em tempos de pandemia

Julho é o mês em que celebramos o aniversário do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA. Mês de balanços e reflexões. Impossível hoje pensar na infância sem se levar em conta o contexto da pandemia. Com isso, é importante reforçar a ideia de que a proteção da criança depende também do grau de proteção em que se encontra a sua comunidade. Hoje, com mais de meio milhão de mortos pela Covid-19, os bairros com as piores condições de vida concentram o maior número de vítimas, evidenciando os impactos das desigualdades no cenário trágico da pandemia.

A Mortalidade

No início da pandemia alardeou-se a necessidade de proteção aos mais velhos, sem se conhecer exatamente os efeitos sobre crianças. No entanto, segundo dados do Sistema de Informação de Vigilância da Gripe (Sivep-Gripe), até de maio de 2021 morreram948 crianças de 0 a 9 anos por Covid-19 no Brasil. As principais vítimas foram bebês de até 2 anos. Pesquisa realizada pela Agência Pública de Jornalismo Investigativo em São Paulo revela que 93% dos casos de mortes de crianças e adolescentes por Síndrome Respiratória Aguda em 2020 eram de bairros periféricos ou de baixa renda[i]. A realidade fica mais estarrecedora quando comparada a de outros países. O Reino Unido e a França, por exemplo, registraram apenas 4 mortes de crianças de 0 a 9 anos, o que dá uma taxa de 0,5 morte por milhão em cada um dos países. Além de ter destinado valores irrisórios para a saúde da criança, R$ 5 milhões em 2021, o governo brasileiro executou apenas 2,6% até junho do corrente ano. Já para a saúde do adolescente nada foi gasto. Cabe destacar que o Brasil é o segundo país no mundo com o maior número de óbito de crianças por Covid-19; fato que explicita descaso com o público que é, segundo o ECA, PRIORIDADE ABSOLUTA.

A Desigualdade Racial

Cida Bento, diretora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), tem denunciado a ocultação ou manipulação do dado raça/cor nas notificações com relação à pandemia, de modo a não termos informações precisas que reflitam a situação de crianças e adolescentes negras; dados fundamentais para orientar uma resposta que seja eficiente para reduzir desigualdades e proteger a todos/as com atenção especial às pessoas vulnerabilizadas. A despeito da subnotificação, de acordo com o Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), 57% das crianças mortas pela Covid-19 no Brasil eram negras. As crianças brancas correspondem a 21,5% das vítimas, as amarelas (de origem asiática) a 0,9% e 16% não tiveram raça indicada.

A Orfandade

Além das vítimas diretas da Covid-19, até junho de 2021 a pandemia produziu em torno de 45 mil órfãos, segundo estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Como se não bastasse, a perda da mãe ou do pai, crianças também sofreram com a morte de parente a quem amava e/ou que era responsável pelo sustento da família. No que diz respeito ao Auxílio Emergencial, em 2021 foram autorizados no orçamento público cerca de 4 vezes menos recursos (R$ 164 bilhões em 2020 versus R$ 43 bilhões em 2021), de acordo com levantamento do Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos) sendo que a fome e o desemprego chegaram a níveis alarmantes.

A Violência Policial

Pensando na proteção à vida durante a pandemia, mães fazem esforço para manter os filhos em casa. No entanto, algumas foram surpreendidas quando suas crianças foram assassinadas em ações cujos principais suspeitos eram policiais. Foi o que aconteceu com João Pedro, 14 anos, que levou um tiro de fuzil nas costas quando brincava dentro de casa. Com Guilherme Guedes, de 15 anos, encontrado morto depois de desaparecer em frente à casa da avó. E com Igor Rocha Ramos, de 16 anos, morto quando comprava pão na padaria, enquanto sua mãe estava em casa com Covid-19.

O dia 6 de maio de 2021 nunca será esquecido pela comunidade de Jacarezinho (RJ). Uma operação da Polícia Civil mal explicada resultou na morte de 29 pessoas, a operação policial mais letal ocorrida na cidade do Rio de Janeiro, e uma das maiores do estado. O pretexto era combater o aliciamento de crianças para o tráfico, no entanto, além da suspeita não se confirmar, um adolescente de 18 anos foi executado.

A Precariedade da Educação

Na área da educação a situação é bastante preocupante. As propostas das respectivas Secretarias de Estado de Educação têm se concentrado em aulas virtuais. No entanto, o acesso à internet não foi universalizado, assim como grande parte das famílias não dispõem de equipamentos, nem estão todas preparadas para fazer o acompanhamento pedagógico demandado pela escola. Segundo o Ipea, em 2020, mais de 1,8 milhões de estudantes não tinham equipamentos para estudar e 5,5 milhões não tinham acesso à internet.

Além disso, a função educação no Orçamento Geral da União vem sofrendo queda brutal nos valores autorizados desde 2016, como mostrou o Inesc em recente balanço. Em números atualizados pelo IPCA em 2021 a educação tem R$30 bilhões a menos, quando necessitaria muito mais para garantir acesso às aulas e atender às demandas geradas na crise sanitária.

Para enfrentar as consequências da pandemia faz-se necessário atenção permanente e iniciativas imediatas que mitiguem os efeitos danosos sobre todas as pessoas, mas em especial sobre as que já estavam esquecidas pelo poder público. O ECA exige inovações e respostas rápidas. Diante disso, é imprescindível (i) destinar recursos para as políticas de proteção e promoção de direitos, como saúde, assistência social e educação; (ii) elaborar planos objetivos de prevenção à violência e ao trabalho infantil em todos os níveis da federação; (iii) formar conselhos com participação de diversos segmentos da comunidade escolar para desenhar e implementar coletivamente planos de volta às aulas presenciais considerando a universalidade do direito. Além de escolas dignas e equipadas adequadamente, educação de qualidade em igualdade de condições é o mínimo que se espera para que todas as crianças e adolescentes vislumbrem trajetórias de vida plenas, mais felizes.

Quando um presidente da república tira a máscara de uma criança em evento público, ele manda um recado ao país: desprezo pela vida. Sem ação eficaz e urgente do Estado na forma de políticas públicas, a lei não passa de letra morta.

[i] https://apublica.org/2020/06/desigualdade-social-e-fator-de-risco-para-mortes-de-criancas-e-adolescentes-por-covid-19-no-pais/

Nota em resposta à presidência da Funai

Nesta semana, o Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos) lançou o Balanço Semestral do Orçamento Geral da União, janeiro a junho de 2021. Entre as políticas analisadas no documento, estão as direcionadas aos povos indígenas, principalmente as que estão sob gestão da Fundação Nacional do Índio. Os dados coletados no portal Siga Brasil e analisados pelo Inesc foram fonte de reportagem publicada pelo Estado de S. Paulo no dia 20 de julho e contestada pela presidência da Funai em nota à imprensa, publicada no dia 21 de julho.

A análise elaborada pelo Inesc é fruto de longo trabalho de monitoramento de políticas públicas voltadas à realização de direitos. Para tal, parte-se de uma metodologia centrada na execução orçamentária e financeira, mas também ancorada no acompanhamento de medidas legais e infralegais que possam impactar as políticas analisadas.

Ainda que a Fundação Nacional do Índio argumente que os recursos da ação orçamentária 21CO serão destinados “a ações em andamento”, a análise de sua execução aponta em outra direção. Até o final de junho, pouco mais de R$383 mil haviam sido empenhados, quantia diminuta diante dos R$41.048.750,00 destinados ao órgão pela ação. O empenho é a primeira fase da execução de gastos públicos, e seu acompanhamento nos permite conhecer o que de fato começou a ser implementado pelo órgão. Diante da gravidade da situação da pandemia no país, amplamente conhecida, e de seus fortes impactos entre os povos indígenas, a demora na utilização destes recursos é especialmente preocupante. Destaca-se ainda que a própria destinação de tais recursos por meio de medida provisória deu-se apenas em junho, o que demonstra que a morosidade nos investimentos em políticas de enfrentamento da pandemia entre os povos indígenas é um problema de todo o poder Executivo, não apenas da Funai.

As análises do Inesc apontam, ainda, que a morosidade nos gastos realizados no âmbito da Funai não se restringe à ação 21CO, mas aplica-se de forma geral ao programa finalístico do órgão. Em diagnóstico feito no mesmo estudo, observou-se que apenas 5% dos recursos destinados ao programa 0617 foram efetivamente gastos e apenas 17% empenhados até o final do primeiro semestre de 2021. Como o orçamento brasileiro é autorizativo mas não obrigatório, a lentidão dos gastos pode significar que, ao final do ano, a autarquia não utilize de fato todo recurso autorizado para o programa. Como também temos afirmado, os anos de estrangulamento orçamentário do órgão  e a defasagem do quadro de funcionários são fatores importantes para tal situação, assim como o aparelhamento ideológico e os assédios e perseguição a funcionários comprometidos com os direitos indígenas.

A íntegra da análise publicada pelo Inesc sobre os recursos da Funai, fonte do jornal O Estado de S.Paulo, pode ser acessada neste link (páginas 39 a 41)

Revista Território em Rede

Com o objetivo de fortalecer as ações de coletivos de juventudes e contribuir para a visibilidade das iniciativas empreendedoras periféricas, o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), por meio do projeto Juventudes nas Cidades, lança a publicação Território em Rede, que reúne e publiciza “corres” de jovens do Distrito Federal e Entorno. A publicação celebra o encerramento do terceiro  ano do projeto, que nesta última edição ocorreu inteiramente no formato online. Os jovens participaram de oficinas de formação política e expertises para aprimorar suas iniciativas.

Colaboraram com essa iniciativa 60 jovens participantes do projeto Juventudes nas Cidades, projeto Lacre, projeto Onda (Andares) e Mapa dos Afetos. Esses grupos fazem parte de 16 regiões administrativas do DF e de três cidades de Goiás,  Águas Lindas (GO), Brazlândia, Ceilândia, Estrutural, Luziânia (GO), Paranoá, Planaltina, Quilombo Mesquita, Recanto das Emas, Riacho Fundo, Samambaia, Santa Maria, São Sebastião, Sol Nascente, Taguatinga, Valparaíso (GO), Varjão e Vicente Pires.

Gastos do governo com pandemia caem de R$ 218 bi para R$ 49 bi no primeiro semestre

Nos seis primeiros meses deste ano, quando a pandemia atingia seu maior pico no Brasil, o governo executou apenas o equivalente a 22% do orçamento destinado ao combate à Covid-19 no mesmo período em 2020.

Entre janeiro e junho do ano passado, a despesa do governo federal para este fim foi de R$ 217,7 bilhões, enquanto nos mesmos meses de 2021 este valor foi de apenas R$ 49,3 bilhões[1].

Vale lembrar que, em 2020, a pandemia teve início apenas em março e ao final do semestre contabilizava 60 mil óbitos. No entanto, no mesmo período de 2021, ocorreram 306 mil vítimas da Covid-19.

O aumento do número de casos e de óbitos no final de 2020 e a aproximação da temporada de férias e festas de fim de ano já anunciavam que a situação em 2021 não seria muito distinta da de 2020. Ainda assim, o governo cortou gastos relativos ao enfrentamento da Covid-19.

Auxílio emergencial 4 vezes menor

Dos cerca de R$ 100 bilhões liberados para este ano com essa finalidade, 43% destinaram-se à extensão do Auxílio Emergencial, neste primeiro semestre. Cerca de quatro vezes menos do que foi autorizado no ano passado, sendo que os níveis da fome e do desemprego recentes atingiram patamares mais alarmantes.

Os números fazem parte do balanço que o Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos) fez sobre os gastos do Orçamento Geral da União, janeiro a junho de 2021. Nesse semestre, a organização não governamental monitorou o uso da verba federal em dez diferentes áreas: enfrentamento da pandemia, saúde, educação, direito à cidade, meio ambiente com ênfase no Ibama, crianças e adolescentes, igualdade racial, quilombolas, mulheres e povos indígenas.

Considerando todo o ano de 2021, o montante orçado para debelar as crises sanitária, econômica e social provocadas pela pandemia ficou em R$ 98 bilhões, quatro vezes menor do que a União alocou no ano passado (cerca de R$ 400 bilhões) por meio de seis iniciativas: o Auxilio Emergencial, o Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, o Pronampe, o Programa Emergencial de Suporte a Empregos, o Auxílio a Estados e Municípios e recursos para à saúde.

Tabela 1 – Balanço Semestral do OGU 1/2021 Inesc

“O semestre foi assombroso para o Brasil”, resume a assessora política do Inesc, Cleo Manhas. A pesquisadora lembra que o governo federal impediu o Ministério da Saúde de realizar amplas campanhas de esclarecimento e de informação e sabotou a aquisição de vacinas. “Sem prorrogar o estado de calamidade pública em 2021, o governo encaminhou para o Congresso uma proposta orçamentária que ignorava a pandemia”, reforça.

Na sua avaliação, o Poder Legislativo também é culpado pelo grave impacto social da pandemia na população brasileira. “Demorou três meses para o orçamento deste ano ser aprovado na Câmara e no Senado e, entre barganhas e negociatas, restaram pífios recursos para a pandemia”, aumentando a dependência de créditos extraordinários.

Os gastos extraorçamentários ocorrem por meio de Medidas Provisórias, e ficam de fora do cálculo estabelecido pelo Teto de Gastos. “No fim, o dinheiro é gasto da mesma maneira, mas seu uso não é contabilizado na meta do déficit primário”, explica.

O PRIMEIRO SEMESTRE DE 2021

  • 3 mil mortes, em dias de pico
  • 306 mil mortes por Covid-19
  • 70% mais óbitos do que os registrados em todo 2020
  • 4 vezes menos recursos para enfrentar a pandemia e suas consequências do que em 2020
  • R$98 bilhões autorizados, versus R$ 398,7 em 2020
  • Zero centavo para apoiar estados e municípios
  • 14% da população foi totalmente imunizada
  • 4 meses de dinheiro represado, devido ao atraso de aprovação da LOA

Fonte: INESC

 

 

[1] A fonte é o Siga Brasil.

Balanço semestral do Orçamento Geral da União – janeiro a junho de 2021

No primeiro semestre de 2021 o Inesc monitorou o uso da verba federal em dez diferentes áreas: enfrentamento da pandemia, saúde, educação, direito à cidade, meio ambiente com ênfase no Ibama, crianças e adolescentes, igualdade racial, quilombolas, mulheres e povos indígenas. Confira a análise:

Relatório Luz 2021 aponta retrocessos em políticas públicas do Brasil

No momento em que toda a comunidade internacional estava reunida no Fórum Político de Alto Nível das Nações Unidas (HLPF 2021), entre os dias 6 e 15 de julho, para acompanhar e revisar os avanços no cumprimento dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), um estudo realizado por organizações não governamentais, entre elas o Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos) aponta que o País vem regredindo nas mais diversas áreas como pobreza, segurança alimentar, saúde, educação, gênero, economia e meio ambiente.

A quinta edição do “Relatório Luz da Sociedade Civil sobre a Agenda 2030”, que utiliza apenas dados oficiais, foi lançado esta semana em audiência pública no Congresso Nacional. Já a comunidade internacional acompanhou a divulgação dos dados pelo canal GT Agenda 2030.

O Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (GT Agenda 2030) – responsável pelo relatório, é uma coalizão formada por 57 organizações e fóruns de todo o país (confira lista completa ao final). Participaram de sua elaboração 106 especialistas de todo o País nas mais diversas áreas. Pesquisadoras do Inesc contribuíram nos capítulos que tratam do ODS 5 “Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas” e ODS 11 “Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis”.

Essa é a única publicação no Brasil que oferece um panorama em 360 graus do andamento da implementação dos 17 ODS, uma vez que o último Relatório Nacional Voluntário apresentado pelo governo brasileiro ao HLPF foi em 2017.

Nesta quinta edição, foram analisadas todas as 169 metas definidas na Agenda 2030. Dessas, 92 (ou 54,4%) estão em retrocesso; 27 (16%) estagnadas; 21 (12,4%) ameaçadas; 13 (7,7%) têm progresso insuficiente; e 1 (0,6%) não se aplica à realidade brasileira. Há, ainda, 15 metas (8,9%) que não foram rankeadas por falta de dados. Além da análise das metas, o relatório traz 127 recomendações para que o Brasil avance no cumprimento do que foi pactuado em 2015 na ONU.

Outros exemplos de retrocesso X ODS

Retorno do Brasil ao Mapa da Fome e o crescimento da pobreza (ODS 1 e 2)

Política ambiental do país desregulamentada para promover interesses contrários ao desenvolvimento sustentável (ODS 13, 14 e 15)

Políticas promotoras de igualdade (ODS10) e gênero (ODS5) regredindo gravemente

Política cultural duramente atacada e evidente desmonte institucional e do Estado Democrático de Direito (ODS 16)

>>> Confira a íntegra do relatório aqui

“A minha escola dos sonhos seria humilde: um lugar aconchegante e mais respeito entre alunos e professores”

Você nasceu no DF? Onde você mora hoje e que ano você está?

Sou candango. Nasci em Taguatinga mas sempre morei no Recanto das Emas, Hoje estou no terceiro ano, acabou que atrasou um pouco pela pandemia e também porque eu estava estudando dentro do sistema socioeducativo e teve falta de professores lá, mas mês que vem já devo estar finalizando o terceiro ano.

Como foi sua vida escolar quando era mais novo? Como eram as escolas que você frequentou?

A melhor escola que estudei foi no 206, no Recanto. Estudei a maior parte da minha infância lá. Uma escola que não foi tão legal para mim foi uma em Taguatinga, na comercial norte. Lá era muito rígido, diferente para nós que éramos do Recanto, de quebrada. Não consegui me acostumar.

Como foi o processo de criação da música Escola dos Sonhos?

Então, o convite veio do meu mano Markão Aborígene. Ele me fez o convite, me explicou que seria feita uma campanha, tinha pensado em mim e pediu para eu compor uma música. Aí eu comecei a pensar só no tempo da escola. Quando eu falo “escola de maderite” é a escola da 401 do Recanto, anos atrás. Foi uma escola que fez parte da minha infância. Também conversei com a molecada da quebrada, do Recanto, perguntei como seria uma escola dos sonhos… aí os moleques foram me passando umas palavras e a partir dessas palavras eu fui montando o quebra cabeça, quando foi ver a música estava aí. Tive ajuda também do Markão, em colocar umas palavras que não chegam tão agressivas para quem vai escutar. Daí ela ficou favela e ao mesmo tempo ela ficou moderna.

Assista ao clipe!

 

 

E qual o papel do LP? Ele que colocou a batida?      

O LP é uma cara que eu tiro o chapéu. Entre esse começo da minha carreira de ser MC eu nunca encontrei um produtor igual a ele, entende? Ajudou a produzir na hora da melodia, da voz, pegou no pé até acertar a cantar do jeito certo… e a batida é dele, original dele. Eu mandei uma base só e ele fez esse trabalho maravilhoso em cima da letra. Foi assim, em conjunto: eu comecei a escrever em casa, levei para o estúdio, cantei em cima da base, aí eu, o Markão e o LP mudamos algumas palavras e saiu essa maravilha de música. Considero uma das minhas favoritas. Até pelo contexto, porque falar de escola na pegada que ela ficou é muito diferente.

Tem um trecho inclusive que diz “Falei com Yan, Rafael, Daniel e Nicolas do Recanto”. Como foi entrevistar as crianças, o que te chamou mais atenção?

A rapaziadinha da quebrada que hoje está com 10, 11 anos… o que me chamou mais atenção mesmo, acho que foi na conversa com o Ian, em que eu perguntei “Se o governo fizer uma escola digital, com computador, ipad… a molecada respondeu logo “não, não precisa disso tudo aí não! A escola só tem que ser acolhedora, tem que ter liberdade de expressão…” Pô um moleque de 10 anos falar uma palavra dessa para mim! Me chamou muita atenção! Eu comecei escrever ainda meio da rua. “Cadeira confortável”, aquela parte em diante foi tudo eles que falaram, eu fui só modelando. Aí juntou eu, o Markão, o LP e formou.

Você recebeu o kit Escola dos Sonhos, né? O que você achou, o que vc sentiu quando o kit chegou na sua mão?

Eu me senti privilegiado de estar participando dessa campanha.

Como seria a sua escola dos sonhos. Pensando nas escolas que você já passou, o que você mudaria?

Vixe, a minha escola dos sonhos teria muita coisa, o governo gastaria muito, viu? Rsrs Vamos começar pelo reconhecimento dos trabalhadores, né? Eu já vi servidores trabalharem com o maior carinho, se empenharem ao máximo e no final do mês não serem recompensados, a gente conversa muito com os tios da limpeza. E a minha escola dos sonhos seria aquela escola assim humilde, não precisava ter muito, como na música, uma cadeira confortável, um lugar aconchegante, de mais respeito entre alunos e professores, melhores materiais. Com a infraestrutura completa, seja em acolhimento, seja em refeição, seja no design… Mudaria bastante coisa na gestão: a diretora na 206 por exemplo, não deixava ser uma escola daquela comunidade. Ela queria transformar mais para uma escola do plano, com regras que ninguém queria cumprir. Uma escola que tivesse, vamos supor, um bônus, um auxílio para quem vai na escola e se empenha, leva seus materiais.

Quais são seus planos para esse ano? Tem outras composições no forno, mais alguma música para ser lançada?

Tem um álbum vindo esse ano, esperamos que seja o primeiro de muitos!

Quer acrescentar mais alguma coisa?

Quero só agradecer ao Onda, à equipe Inesc por essa oportunidade que nem eu mesmo estou acreditando até hoje, que ainda não caiu a ficha. Obrigado ao Markão, LP e Tauane!

#SóAcreditoVendo: Campanha exige transparência na concessão de benefícios fiscais

O Brasil gasta, por ano, cerca de R$ 300 bilhões em benefícios fiscais. Uma quantia maior do que a soma de tudo que o governo deve investir em Saúde e Educação em 2021. É muito dinheiro que a população não sabe para onde vai. Para exigir a transparência na política de isenção de impostos, organizações da sociedade civil lançam hoje (8/7) a campanha #SóAcreditoVendo. Todos podem participar da ação assinando o manifesto em socreditovendo.org.br.

Dar à população a oportunidade de saber quais empresas vêm sendo beneficiadas representa um passo decisivo para a revisão de distorções. Principalmente, quando levamos em conta que a isenção favorece também fabricantes de produtos que fazem mal à saúde e ao ambiente. É o caso agrotóxicos, bebidas açucaradas (refrigerantes e sucos de caixa) e combustíveis fósseis.

O impacto negativo do financiamento desse tipo de negócio não se restringe ao desvio de recursos de políticas públicas. A situação das bebidas adoçadas e dos agrotóxicos são emblemáticos. O consumo desses produtos está comprovadamente associado ao surgimento de câncer, diabetes ou complicações cardiovasculares. Doenças que, quase sempre, precisam ser tratadas no Sistema Único de Saúde (SUS), sobrecarregando ainda mais o orçamento da União.

“O cenário fica ainda mais catastrófico quando levamos em conta o legado da pandemia: mais de meio milhão de mortos, um grave quadro de insegurança alimentar e desemprego recorde”, afirma Marcello Baird, coordenador de advocacy da ACT.  “Mais do que nunca, precisamos de transparência nos incentivos fiscais para avaliarmos o que é positivo para o país e o que beneficia apenas alguns grupos econômicos, complementa,

Livi Gerbase, assessora política do Inesc, destaca a urgência da pauta. “Não é de hoje que os incentivos fiscais são vistos como fonte de recursos e instrumento de promoção de justiça fiscal. Diante da maior crise sanitária e social da história e do debate trazido pela reforma tributária, abre-se um caminho para a população pressionar por transparência no processo de concessão de incentivos fiscais e até mesmo pela revisão desse mecanismo”, defende.

O movimento #Só acredito vendo convoca a população a fazer a sua parte apoiando o  Projeto de Lei Complementar 162/2019 que propõe a divulgação de quais empresas recebem incentivos fiscais no Brasil. Depois de aprovado no Senado, o texto chegou à última comissão da Câmara e deve entrar em votação nos próximos dias

Há boas perspectivas também no contexto da discussão da reforma tributária. O Ministério da Economia vem defendendo a redução dos subsídios para empresas. Além disso, foi aprovada PEC que prevê a revisão paulatina dos incentivos fiscais.

A campanha #SóAcreditoVendo é uma iniciativa do Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC), ACT Promoção da Saúde, FIAN Brasil, Purpose e Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos. O movimento conta com o apoio de outras 37 organizações da sociedade civil. Acesse o site e saiba mais: socreditovendo.org.br.

Inesc assina superpedido de impeachment e fornece análises para subsidiar o documento

O superpedido de impeachment apresentado ontem por atores políticos de diferentes matizes ideológicas reúne 123 pedidos já protocolados na Câmara e atribui 23 crimes de responsabilidade ao presidente. O Inesc está na lista de entidades que assinaram o documento. Além disso, estudos e análises publicados pelo Instituto foram citados como insumos para os argumentos apresentados.

José Antonio Moroni, do colegiado de gestão do Inesc, afirma que os materiais do Instituto apontam para a necessidade do presidente ser responsabilizado também por genocídio, para além dos crimes de corrupção e prevaricação. “A decisão de não executar a totalidade dos recursos disponíveis para a Saúde e para garantir o auxílio emergencial, por exemplo,  resultou em milhares de mortes que poderiam ter sido evitadas com vontade política e medidas de contenção do vírus”, afirmou Moroni, que esteve presente na cerimônia de protocolo do superpedido ao lado de representantes das demais organizações que apoiaram o documento.

Confira os trechos do superpedido de impeachment que citam análises do Inesc:

Teto de gastos deixou Brasil com baixa imunidade

“Como bem aponta o estudo elaborado pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC), o Brasil, sétimo país mais desigual do mundo (PNUD,  2019),  antes  mesmo  da  pandemia,  já  se  encontrava  com a “imunidade baixa”. Isso porque a  Emenda  Constitucional  nº  95  e  outras  medidas  de  austeridade  fiscal  reduziram  recursos  de programas sociais importantes para o combate a pandemia de COVID-19, comprometendo a capacidade do país de enfrentar seus graves efeitos durante e após a crise sanitária”

Acesse o estudo “O Brasil com Baixa Imunidade” na íntegra

Baixa execução do orçamento para enfrentar a pandemia

“Outro  grave  problema  é  a  baixa  execução  por  parte  da  União  do  orçamento aprovado para combate à pandemia. Segundo especialistas do Instituto de Estudos Socioeconômicos, o Governo Federal retém 60% do orçamento de emergência aprovado pelo Congresso contra pandemia, provocando falta do auxílio emergencial até recursos para hospitais. Alertam que: “após quatro meses de declaração de emergência nacional, apenas 40,1% do valor planejado no orçamento do governo federal  para  combater  a  pandemia  do  novo  coronavírus  foi  de  fato  gasto:  dos  R$  274  bilhões autorizados, somente R$ 110 bilhões foram pagos”e “a baixa execução dos valores orçamentários é  sentida pela  população,  que,  em  grande  parte,  está  sem  acesso  às  políticas  de  enfrentamento  à Covid-19”. Essas omissões  agravam  a  situação  de  vulnerabilidade  de  segmentos  historicamente bastante impactados pela falta de acesso a políticas públicas e direitos.”

Leia na íntegra a análise do Inesc publicada no Le Monde Diplomatique Brasil

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