Os resultados do Brasil no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), divulgados esta semana, não deixam dúvidas: a educação brasileira é precária e precisa de mudanças. Os estudantes brasileiros, avaliados em 2015 em três áreas – ciências, matemática e leitura -, não conseguiram uma boa pontuação e assim ficamos nas últimas colocações do ranking, promovido pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em 70 países. Algo precisa mudar, isso está claro. A questão é: quais mudanças precisamos e queremos?
O governo Temer apresentou a pior das respostas possíveis: uma Medida Provisória (a 746) para reformar o ensino médio, última etapa da educação básica. Editada de cima para baixo, de forma autoritária, essa MP foi construída sem consultar a comunidade escolar (estudantes, professores, funcionários) e especialistas que discutem o assunto há anos. E se aprovada do jeito que está, pode aprofundar os problemas e a desigualdade na educação brasileira.
“Vai ‘precarizar’ a situação daqueles que já estão com a situação muito ‘precarizada’, por exemplo, quando diz que parte da formação pode ser feita fora da sala de aula por instituições que a gente não sabe qual a qualidade delas. Pode ser uma formação profissional precária. Então, a gente vai fazer educação para pobres e para ricos”, afirma Cleo Manhas, assessora política do Inesc, que no início do mês participou de audiência pública na Câmara para discutir o assunto.
Em seu artigo “Evasão escolar e educação de qualidade: com a palavra, os estudantes”, Cleo Manhas afirma que o Brasil precisa de “escolas diferentes e de formação de formadores também diferente”, e que isso vem sendo discutido com jovens de escolas em várias cidades. “Buscamos ouvi-los e ouvi-las para entender o que estão pensando da escola e da educação no século 21 em momento político tão atribulado, com vários riscos e ameaças, mas também oportunidades de insurgências, especialmente dos que estão vivenciando o processo educativo na prática cotidiana das escolas e instituições educadoras.”
Então, com a palavra, os estudantes!
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E vamos aproveitar o assunto e falar sobre crianças, adolescentes e jovens?