“Acho importante que os jovens participem da política porque somos nós que estamos sendo afetados pela maior parte dessas reformas.”

09/03/2023, às 5:52 PM (actualizado el 09/03/2023, às 6:14 PM) | Tiempo estimado de lectura: 4 min
Por Daniel Fernandes
MC Fernandes é rapper, compositor e diretor de cultura da Nação Hip Hop, entre outras várias ocupações. Desde 2018, ele integra o Fortalecendo o Corre, projeto fomentado pelo Inesc

Sou Daniel Fernandes, mais conhecido como MC Fernandes. Tenho 23 anos e sou presidente da entidade estudantil União dos Estudantes Secundaristas do Distrito Federal (UESDF). Também sou diretor de cultura da Nação Hip Hop; diretor de cultura da União da Juventude Socialista do DF (UJSDF), a maior organização da juventude da América Latina; e faço um corre autônomo vendendo camisetas.

O Corre entrou na minha vida em 2018 e de lá pra cá eu aprendi ver a minha ancestralidade de outra maneira. Eu me lembro de uma atividade em que foi falado sobre nossos nomes – como Oliveira, Ferreira, Correia – remetiam ao nosso ancestral que foi escravizado. Não temos informações além disso. Enquanto isso, famílias de sobrenomes como Bittencourt conseguem retomar a sua história. Isso me marcou muito.

Na minha vida profissional, o projeto ajudou na organicidade; nos planejamentos de curto, médio e longo prazo e com uma rede de contatos sem precedentes. Graças do Corre, eu conheci o Rio de Janeiro!

Fui para o Encontro Nacional da Juventude e lá conheci jovens do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Recife. Foi um momento importante porque pude levar a realidade dos jovens do DF que, apesar de serem moradores de periferia e de enfrentarem vários desafios, conseguem se inserir no espaço político, botar suas ideias em pauta e empreenderem mesmo com todas as adversidades sociais e econômicas. São jovens que usam a arte para mudar a própria vida e a de outras pessoas que vivem aquela realidade. Ali, a gente debateu, construiu e trocou afetos.

Sou morador da Santa Maria, que fica ao extremo sul do Distrito Federal, MC, rapper, compositor, freestayleiro. Esse é um barato muito da hora que eu conheci quando tinha uns 15 anos por meio da internet. Fui interagindo. A fase final de descoberta da juventude foi pelo movimento hip hop.

Mas demorou um tempo para que eu entendesse a importância política que isso tinha na sociedade. O principal fator de fazer arte é que ela é uma válvula de escape. Hoje, com o entendimento político que eu tenho, consigo ver que posso me manifestar, relatar minha realidade – coisa que eu já fazia, mas sem a parte teórica, só com a prática.

A cada dia, está mais difícil de dialogar, principalmente pela conjuntura política atual do Brasil. A informação está tão rápida que a galera não está nem aí pra ela.

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