Levantamento do Inesc revela quais são os maiores devedores da região amazônica, seus ramos de atividades e suas perigosas relações com crimes socioambientais, sonegação fiscal e trabalho escravo. São empresários do ramo do comércio, agropecuária, indústria de transformação, entre outros, inscritos na Dívida Ativa da União (DAU), que devem cerca de R$ 18 bilhões – considerando apenas os sete estados do Norte do país. São dívidas trabalhistas (FGTS, INSS), não previdenciárias, multas etc, que se arrastam há anos, alguns por décadas.
O levantamento inclui apenas os 70 maiores devedores (10 por cada um dos 7 estados) da região. No total, a Dívida Ativa da União, considerando todos os valores, todos devedores e todos os estados do país, chega a incríveis R$ 1,58 trilhão – desse total, mais de R$ 250 bilhões já chegaram às últimas instâncias da Justiça e já poderiam ter voltado aos cofres públicos.
E ainda há quem defenda corte de direitos como receita para o ajuste fiscal e colocar as contas do governo em dia!!
Leia a reportagem completa sobre o levantamento no site Investimentos e Direitos na Amazônia.
Um trecho:
A sonegação fiscal é crime e deve ser tratada como tal. Combater a corrupção passa por combater a sonegação fiscal, que só beneficia os super-ricos e prejudica os mais pobres e a classe média, por contribuir com a má distribuição da carga tributária no Brasil. Além disso, a corrupção vai muito além do desvio de dinheiro por políticos e servidores públicos. No Brasil, 80% da corrupção vem do setor privado. E suas práticas são interligadas com outros crimes – essas dívidas são apenas a ponta do iceberg. Por trás dessa dívida bilionária dos maiores devedores da Amazônia escondem-se muitos crimes, não apenas financeiros – há crimes ambientais, eleitorais, grilagem de terras, assassinatos. Foi o que descobrimos analisando a lista dos maiores devedores na Amazônia.
Em todo o país, essa Dívida Ativa da União chega a incríveis R$ 1,58 trilhão (valores de dezembro de 2015), superando a arrecadação total brasileira no mesmo ano, que foi de R$ 1,274 trilhão. E pior: a recuperação desse dinheiro é lenta: segundo a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, somente 1% da dívida é resgatado. Atualmente há R$ 252,1 bilhões que já integram processos transitados em julgado – ou seja, já poderiam ter sido devolvidos aos cofres públicos. Esse valor cobre com sobras o déficit fiscal do país anunciado pelo governo ilegítimo de Michel Temer para 2016.