Para entender a instabilidade do governo Temer e o atual momento político do país, Armando Boito Jr. propõe a análise de algumas ideias que se transformaram em obstáculos no caminho dessa compreensão. Em artigo publicado no site Brasil de Fato, Boito Jr. afirma que a ideia de uma ‘direita’ unificada é “genérica, vaga e imprecisa”, bem como a ideia de que a burguesia é uma “classe homogênea e com poder de controlar todo o processo político”.
O articulista do Brasil de Fato analisa ainda as ideias de que o Estado seria um instrumento passivo nas mãos dessa burguesia e que os conflitos de classe oporiam apenas dois polos – o ‘capital’ e o ‘trabalho’.
A grande força desestabilizadora do governo Temer é, segundo Boito Jr., “a ação do sistema de Justiça (composto pela Polícia Federal, Ministério Público Federal e o Judiciário) contra os integrantes do Executivo Federal e de sua base aliada no Congresso Nacional”.
É verdade que esse sistema usou e usa politicamente o combate à corrupção para combater o PT, que é o seu inimigo principal. Mas esse sistema quer, também e de fato, combater a corrupção, mesmo aquela praticada pelo PMDB e pelo PSDB. Definem o inimigo principal, escalonam prioridades, concentram-se sobre um ou outro alvo de acordo com o momento, enfim, fazem cálculos táticos, como toda e qualquer força que intervém no processo político.
Esse sistema de justiça teve muitos dos seus integrantes treinados pelo Departamento de Justiça dos EUA, recebeu informações privilegiadas dessa mesma instituição e foi estimulado a dar um combate sem tréguas à grande burguesia interna e ao PT. Mas, não fez isso como instrumento passivo nas mãos do imperialismo. Ele tem uma base social própria na alta classe média, base que se reconhece nele, sai às ruas quando é por ele interpelada, e, de sua parte, esse sistema tem consciência clara de que tal base social é o seu maior trunfo político.
Segundo Boito Jr., o governo Michel Temer não está conseguindo atender aos interesses internacionais e também aos interesses manifestos do conjunto da classe burguesa, como são os casos da reforma trabalhista e previdenciária. “Esse governo não está conseguindo, dizíamos, estabelecer hegemonia alguma, já que a hegemonia pressupõe um governo minimamente estável, coisa que esse governo, evidentemente, não é”, afirma em seu artigo, que pode ser lido aqui na íntegra.
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