Brasil e China assinaram acordo na última terça-feira (11/10) para criação de um fundo de US$ 20 bilhões a ser usado em projetos considerados prioritários de infraestrutura nos setores de logística, energia, recursos minerais, agricultura, agroindústria e tecnologia avançada, entre outros. Boa parte desse dinheiro deverá ser usado em projetos de produção e escoamento de recursos naturais conforme os interesses chineses.
E os nossos intereesses, como ficam? A pergunta é importante porque esse novo acordo, assim como todos os demais, têm poucas ou nenhuma preocupação em relação aos impactos socioambientais causados por esse tipo de investimento nas diversas regiões brasileiras, em especial na Amazônia. Esses grandes projetos financiados em boa parte com dinheiro estrangeiro dão muito lucro para as grandes empresas e muito prejuízo para as populações locais e o meio ambiente. Além disso, causam grande desequilíbrio para a economia brasileira, principalmente para a indústria brasileira, questões bem apontadas e discutidas no artigo “Brasil-China: complementaridade ou dependência? de nossa assessora política Alessandra Cardoso.
Segundo Alessandra, entre os efeitos ainda pouco compreendidos para o Brasil desse intenso fluxo comercial baseado em recursos naturais estão a “sobrevalorização do real e a perda de competitividade de vários segmentos da produção manufatureira brasileira”. Além disso, o Brasil deu “perigosos passos no campo da regulação”, como por exemplo com a aprovação da MP 727, que alçou os investimentos em infraestrutura à condição de “prioridade nacional, garantindo-lhes celeridade na liberação de licenças necessárias”.
Com esse novo acordo assinado com a China, o Brasil dá continuidade a um modelo de parceria que tem trazido mais prejuízos do que benesses ao país. Pior: pisa fundo no acelerador.