Diversidade no Oscar 2016: quando a arte imita a vida - INESC

Diversidade no Oscar 2016: quando a arte imita a vida

26/01/2016, às 11:03 | Tempo estimado de leitura: 5 min
Levantamento feito pelo Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ação Afirmativa (Gemaa), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ revela falta de diversidade racial e de gênero na maior premiação do cinema mundial.

Um levantamento feito pelo Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ação Afirmativa (Gemaa), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ revela a falta de diversidade racial e de gênero na maior premiação do cinema mundial, o Oscar.

Com o levantamento feito, o pessoal do Gemaa produziu um infográfico esclarecedor (ver abaixo), para termos uma ideia como a indústria cultural reproduz a desigualdade racial e de gênero da vida real. Em 87 anos de premiação, apenas uma mulher negra conquistou o Oscar de melhor atriz – na categoria de melhor ator, foram 4 homens negros apenas.

A exemplo do que aconteceu no ano passado, as indicações dos artistas que concorrem ao Oscar 2016 sofreram duras críticas pela falta de diversidade, gerando até boicotes por parte de artistas negros, como o diretor Spike Lee e o ator Will Smith.

Para Carmela Zigoni, assessora política do Inesc, as indicações do Oscar 2016 não configuram um “caso isolado” ou uma “exceção à regra”, pelo contrário, são “flagrante do racismo existente nos Estados Unidos”.

“Aliás, Hollywood sempre revelou, por meio de seus filmes, como se comporta essa sociedade com relação à questão etnico-racial: veja como são construídas as narrativas de faroeste clássico, em que o etnocídio cometido contra os indígenas naquele território é romantizado e faz do branco um herói (e é bom registrar que os atores que interpretavam indígenas foram, por décadas, os italianos)”, lembra Carmela.

Na atualidade, mesmo as atrizes negras que já foram contempladas com o prêmio, tinham papéis estereotipados, como a doméstica (Octavia Spencer, em Histórias Cruzadas), a mãe abusadora (Lee Daniels, em Precious), uma vidente enganadora (Whoopi Goldberg , em Ghost).”

O Brasil é muito parecido com os Estados Unidos nesse quesito, aponta Carmela:

“Aqui, como lá, a estrutura racista gerou privilégios e desigualdades históricas. Hoje, compartilhamos uma triste semelhança: estamos matando e encarcerando uma geração inteira de jovens negros. E nossa TV, ainda maior referência do que o cinema para a maioria da população, é branca.”

A desigualdade de gênero e de raça também está presente na representação política brasileira, lembra Carmela. Estudo publicado em 2014 pelo Inesc sobre as eleições realizadas naquele ano mostrou que negros, mulheres e indígenas ficaram sub-representados nos cargos políticos preenchidos em 2014.

Veja o infográfico sobre a falta de diversidade racial e de gênero no Oscar:


Categoria: Notícia
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