Jovens do projeto Onda apresentam pesquisa e promovem debate sobre violência

10/04/2018, às 12:10 (atualizado em 16/03/2019, às 22:37) | Tempo estimado de leitura: 4 min
Pesquisa resultou em evento com debate entre estudantes, autoridades responsáveis por fazer a segurança na cidade, Unicef e a Promotoria dos Direitos do Cidadão

Uma pesquisa de três meses, elaborada por estudantes do Paranoá, mostrou a percepção dos moradores acerca da violência comunitária que mais afeta a população jovem da região e resultou em evento com debate entre estudantes, autoridades responsáveis por fazer a segurança na cidade, Unicef e a Promotoria dos Direitos do Cidadão.

Promovida no âmbito do projeto “Onda: Adolescentes em Movimento pelos Direitos“, do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), a pesquisa revelou que crimes contra as mulheres, agressão policial, conflitos entre gangues, racismo e homofobia figuram como as formas mais comuns de violência. Os próprios estudantes elaboraram o instrumento de pesquisa, as categorias, e as perguntas do questionário aplicado.

Durante a  roda de conversa de apresentação da pesquisa ocorrida no Centro de Ensino Fundamental 5, no Paranoá, na manhã da última quarta-feira (4), a procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Deborah Duprat, afirmou que a pesquisa evidencia um retrato do que acontece no Brasil como um todo. “O fato de nós termos uma Constituição que prevê direitos não significa que eles estejam totalmente implementados ou igualmente distribuídos. Essa é uma luta permanente dos vários grupos que foram historicamente marginalizados”, afirmou.

Ressaltou, ainda, que a conformação histórica de centro como espaço de uma classe privilegiada e de periferia como lugar de confrontos reforça uma lógica na qual o ciclo da violação de direitos se agrava mais para determinados grupos sociais, sobretudo, quando a questão está associada à pauta da segurança pública. (leia mais aqui)

“Nós somos o país que mais mata adolescentes no mundo”, anunciou o oficial de projetos do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Mário Volpi, criticando a inversão de discurso que constantemente criminaliza a juventude sem colocar em debate que crianças e adolescentes são as principais vítimas da violência. De acordo com o representante do Unicef, menos de 3% dos casos de adolescentes assassinados no Brasil são investigados, o que acaba por evidenciar uma naturalização do problema. “Nenhuma das 16 guerras que são reconhecidas atualmente pela ONU mata mais do que se mata no Brasil”, alarmou Volpi.

Sérgio Antônio dos Santos, presidente do Conselho Comunitário de Segurança Pública do Paranoá, destacou a importância de compartilhar a pesquisa com outras escolas do Distrito Federal como forma de estimular a discussão do tema. Para ele, o investimento em políticas públicas de segurança deve ser considerado como uma maneira de enfrentar a situação.

“Nós temos que vencer desigualdades mediante grandes investimentos em políticas públicas para que as pessoas possam ser plenamente sujeitos de direitos”, finalizou a procuradora Deborah Duprat.

Percepções – Durante o encontro, os estudantes apresentaram episódios de agressões vivenciados por eles. Após análise dos dados coletados para a realização da pesquisa, os alunos concluíram que a comunidade considera importante o investimento na segurança. Entretanto, ressaltam que a ação policial não deve ser compreendida como solução isolada de todo o contexto local.

Assista a reportagem da TV Brasil, com depoimentos dos estudantes:

*Com informações da Assessoria de Comunicação e Informação Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC)

Categoria: Notícia
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